O Estado de São Paulo, n. 46473, 12/01/2021. Política, p. A10

PT vai apoiar candidato de Alcolumbre
Anne Warth
12/01/2021



Sigla adere à candidatura do senador Rodrigo Pacheco, do DEM, indicado pelo atual presidente da Casa e referendado por Jair Bolsonaro

Aliança. Com apoio do PT, bloco do senador Rodrigo Pacheco, líder da bancada do DEM na Casa, reúne 27 parlamentares   

O PT decidiu ontem apoiar a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência do Senado. A decisão da bancada petista, por unanimidade, chama a atenção porque Pacheco, líder da bancada do DEM, é o concorrente que tem o aval do presidente Jair Bolsonaro. Na Câmara, o PT aderiu à campanha do deputado Baleia Rossi (MDBSP) ao comando da Casa justamente sob o argumento de que não poderia estar do mesmo lado do "candidato de Bolsonaro", que ali é Arthur Lira (Progressistas-AL).

O anúncio dá musculatura à candidatura de Pacheco, nome lançado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Com o respaldo da bancada do PT, com seis integrantes, o bloco de Pacheco reúne hoje 28 senadores. A aliança é formada até agora por DEM, PT, PSD, Republicanos e PROS.

Se o líder do DEM vencer a disputa, marcada para fevereiro, o PT poderá ganhar o comando de duas comissões – Meio Ambiente e Direitos Humanos –, além de uma secretaria na Mesa Diretora do Senado. Na semana passada, o líder do MDB, Eduardo Braga (AM) – que também quer concorrer à presidência do Senado –, pediu ao PT que adiasse uma decisão sobre o apoio até a definição de quem será o candidato de seu partido. Braga desejava uma aliança com os petistas, mas eles preferiram fechar com o nome defendido por Bolsonaro e Alcolumbre.

Nas fileiras do MDB, além de Braga, os senadores Fernando Bezerra Coelho (PE), Eduardo Gomes (TO) e Simone Tebet (MS) pleiteiam a indicação do partido. Bezerra Coelho e Gomes são líderes do governo – o primeiro, no Senado; o segundo, no Congresso.  

Justificativa. O MDB é a maior bancada, com 13 senadores, e o PT não aceitou apoiar um nome do partido por vários motivos. Um deles é que já está com Baleia na Câmara e não deveria contribuir para o MDB se fortalecer, tendo a possibilidade de comandar as duas Casas. E não iria endossar Bezerra Coelho nem Gomes nem Simone, porque ela é do grupo pró-lava Jato. Braga foi ministro de Minas e Energia de Dilma Rousseff e poderia ser uma alternativa, mas os petistas desconfiaram da sustentação que o MDB daria ao nome dele.

Além disso, o PT se aproximou muito de Alcolumbre. Planejava apoiar a recondução do presidente do Senado, mas o Supremo Tribunal Federal barrou essa possibilidade, considerada inconstitucional. Diante disso, os petistas resolveram endossar o nome de Pacheco, apadrinhado por Alcolumbre.

Em nota assinada pelo líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), e pelo vice-líder, Jaques Wagner (BA), a bancada afirmou que a decisão teve o objetivo de "contribuir com a superação da gravíssima crise que o Brasil atravessa".

Mesmo assim, senadores do partido argumentaram que continuarão a defender a instalação de CPIS e o exame de "todos os crimes praticados por autoridades do Executivo, inclusive o presidente da República", independentemente do apoio a Pacheco. "A aliança com partidos dos quais divergimos ao longo do processo histórico se dá exclusivamente em torno da eleição da Mesa Diretora do Senado, não se estendendo a qualquer outro tipo de entendimento, muito menos às eleições presidenciais", diz a nota.

MDB

O MDB vai engordar sua bancada e filiar hoje os senadores Rose de Freitas e Veneziano Vital do Rêgo. Com isso, o partido passa a ter 15 senadores. São necessários 41 votos para eleger o presidente do Senado, em fevereiro.