Título: Inflação cai mas varejo pressiona
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 05/02/2005, Economia, p. A18

A queda de preços no atacado no mês passado aponta para um alívio no bolso do consumidor em fevereiro. A queda nos preços dos alimentos levou o Índice de Preços por Atacado (IPA) a recuar para 0,08% em janeiro, após variação de 0,48% em dezembro. Com isso, o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou de 0,52% para 0,33% entre um mês e outro. Ainda sem absorver a deflação registrada no atacado, os alimentos pressionaram a inflação no varejo. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) continuou subindo, passando para 0,85% em janeiro. O indicador também teve impacto das mensalidades escolares, o que acabará com a volta às aulas.

Salomão Quadros, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que calcula os índices, confirma as expectativas de queda da inflação no varejo, mas ressalva que os preços no atacado devem subir.

- Foi uma taxa muito baixa provocada por fatores sazonais - avaliou, citando a entressafra das carnes. A queda de preços nos segmentos de combustíveis e lubrificantes (-0,41%) também derrubou o indicador.

Na contramão das matérias-primas, os bens de capital iniciaram o ano com preços em disparada. A FGV apurou aumento médio de 1,65% nos valores cobrados por fabricantes de máquinas e equipamentos, após alta de 0,68% no mês anterior. Também encareceram bens duráveis (0,75%) e não duráveis (0,96%), com empurrão de bebidas e produtos de limpeza.

Os preços do grupo Ferro, Aço e Derivados no atacado apresentaram alta de 1,50%. Mas, segundo o economista, o aumento não deverá se estender com impacto na cadeia produtiva. A indústria química compensou o aço, reduzindo preços em janeiro, com deflação de 0,89% depois de aumento médio de 0,79% em dezembro. A inflação da indústria de transformação caiu de 0,42% para 0,33%.