Título: Cai embargo ao frango brasileiro
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/02/2005, Economia, p. A19

Restrições são suspensas na Rússia e Espanha. Governo reclama liberação também para suínos e bovinos

BRASÍLIA - A Rússia e a Espanha anunciaram ontem a suspensão do embargo à compra de carne de frango brasileira. Na Rússia, a liberação entra em vigor na segunda-feira e não vale para frangos produzidos nos estados do Amazonas e do Pará. O embargo russo para as carnes bovina e suína continua valendo para o país. Apenas o estado de Santa Catarina está completamente livre do embargo.

O governo russo enviou ao Ministério da Agricultura uma lista de questões técnicas que tratam da vacinação do rebanho brasileiro de bovinos e suínos. As questões deverão ser respondidas até a segunda-feira após o carnaval. Depois de responder às questões, o governo brasileiro deve enviar missão técnica à Rússia para tentar o fim completo do embargo.

Tanto o governo como o setor privado reagiram com cautela e pouco otimismo em relação à liberação parcial do embargo.

- Embora elogiável, a decisão ainda não reflete o desejo do governo brasileiro - avaliou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Ele criticou o fato de a Rússia ter voltado a levantar questões técnicas. - Poderíamos ter resolvido essas questões mais cedo.

- Foi positivo, porque não havia justificativa técnica para o embargo, mas não é suficiente. Também não há motivo para o embargo suíno e bovino - disse Paulo Mustefaga, economista da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O pouco otimismo é explicado pela participação baixa do frango nas exportações de carne do Brasil para a Rússia. Em 2004, a carne de frango correspondeu a cerca de 18% da receita total com exportação de carne brasileira para a Rússia. A carne suína foi responsável por 51%, a bovina, por 28%, e a carne de peru, por 3%.

Do total da receita do país com exportação de carnes em 2004, a Rússia foi responsável por 14%. Em relação à carne de frango, as exportações feitas para a Rússia equivalem a cerca de 6% da receita total. Em relação à carne suína, as exportações para a Rússia em 2004 foram 60% do faturamento.

O embargo russo à carne brasileira começou em setembro de 2004, após o governo brasileiro ter anunciado a descoberta de um foco de febre aftosa no Amazonas. Apesar de o Estado não ser exportador, a Rússia decidiu vetar todas as compras de carne do Brasil. Em novembro, foi liberada a exportação de carne produzida em Santa Catarina. O estado é o único internacionalmente reconhecido como área livre de febre aftosa.

As exportações de carne do Brasil para a Rússia cresceram 46,14% em receita e 6,14% no volume entre 2003 e 2004. A alta aconteceu porque o embargo não chegou a afetar as vendas do ano passado. Os contratos para a venda de carne, que haviam sido fechados entre junho e julho de 2004, foram respeitados.

O ministério anunciou ainda que a Espanha suspendeu as restrições sanitárias à carne de frango brasileira. O país não aceitava a entrada do produto, alegando a presença do microorganismo Listeria monocytogenes. Há um ano vinha limitando as compras do Brasil por causa da restrição. O governo brasileiro argumenta que, na produção da carne de frango, não há etapa que elimine completamente o microorganismo.

Folhapress