Título: Rocha Mattos agiu no Uruguai
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2005, País, p. A2

PF descobre novas conexões da quadrilha

BRASÍLIA - A Polícia Federal entregou à Justiça Federal em São Paulo documentos levantados no Uruguai sobre a quadrilha que vendia sentenças judiciais desmontada pela Operação Anaconda. A PF descobriu várias viagens do juiz João Carlos da Rocha Mattos ao Uruguai, considerado paraíso fiscal. Preso, o juiz é apontado com o cabeça da quadrilha. Também foi encontrada a Casita Amañecer, residência que ele utilizaria como base para operações de lavagem de dinheiro.

A documentação foi remetida à Justiça pelo delegado federal Emmanuel Henrique Balduíno de Oliveira. O levantamento foi uma forma de confirmar várias informações sobre as conexões da quadrilha no Uruguai, através de números de telefones e informações recolhidas nas buscas e apreensões da Anaconda.

Os policiais procuravam identificar um homem chamado Valter La Sierra e a Casita Amañecer, nomes citados por Norma Regina Emílio Cunha nas fitas. O homem mencionado nas fita é Walter Omar Lassere Limardo, dono de várias empresas no Uruguai, entre elas a El Tiburon, distribuidora de artigos diversos, a Lassmi artigos esportivos e as off-shores Ibatur, Najayo e Radeline Finance.

A Casita Amañecer foi localizada pelos policiais na Rua Leonardo da Vinci, em Maldonado. Dono da Inmobiliária Sol Propriedades, Raúl Carlos Dalbes Minvielle revelou aos policiais que a casa pertenceu a um cidadão conhecido pelo nome de Fausto Solano e que ''chegou a ver algumas vezes hospedado no referido imóvel o juiz brasileiro João Carlos da Rocha Mattos''.

A Casita Amañecer foi avaliada pela polícia em US$ 450 mil e teria sido presente de Fausto Solano para o juiz. Processado por crime de colarinho branco, Solano foi absolvido pelo juiz Rocha Mattos. Mesmo com a prisão da quadrilha, a casa ainda tem o jardim regado. Os vizinhos viram pessoas foram na residência, em um carro branco, de placa de Salto, Uruguai.

Na viagem ao Uruguai, os policiais levantaram uma lista com 16 registros de entrada e saída de Rocha Mattos no país, todas as viagens entre 1995 e 2002. Há também cinco entradas e saídas de Norma Regina Cunha para o Uruguai. O juiz utilizava ainda os nomes de ''Joso Rocha'' e ''Juan Rocha''. As viagens do juiz ao Uruguai duravam em média 5 dias. (H.M.)