Título: Saída preocupa deputados
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2005, País, p. A3
A divulgação da saída de mais de 100 correligionários do PT preocupou representantes do partido no Rio. Para o deputado federal Chico Alencar, que desde 2003 vem combatendo posições ditas neoliberais do governo, a saída dos antigos companheiros deve fazer a cúpula dirigente repensar o papel do partido.
- É um baque muito forte para nós que seguimos tentando resgatar a identidade do PT. Isso é um alerta de que a descrença no partido como instrumento de transformação social cresce. Isso ocorreu pelo fato de o PT ter se transformado em mera correia de transmissão do governo. Ou volta a discutir seu papel ou vai ficar perdido.
No grupo de dissidentes, estão nomes importantes do partido no Rio, como os economistas Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, Sidney Pascoutto, primeiro candidato do partido a prefeito em Campos, em 1982, além do ex-presidente da CUT, de 1994 a 1997, Bid. O deputado estadual Alessardro Molon ressalta que os dissidentes, muitos dos quais fundadores do partido, tinham divergências com o governo federal.
- Compreendo e entendo muitas dessas divergências, embora lamente a decisão. São pessoas que não estavam no partido para conseguir um cargo e sim por identidade ideológica.
A tendência é que grande parte dos dissidentes se encaminhe para o Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL). Membro da direção nacional provisória do partido, Milton Temer explica que a possibilidade do ingresso dos dissidentes no novo partido é grande, mas será necessário discutir como participarão da legenda.
- Vieram 42 militantes da tendência Democracia Socialista. Teremos que fazer um processo de discussão formal para fazer a recomposição da direção com a participação dessas pessoas.
Chico Alencar avalia que depois de uma série de debates no Fórum Social Mundial sobre os caminhos do PT, é provável que esse ano seja marcado pelo debate em torno dos caminhos do partido.
- Temos um limite a partir do qual perderemos a identidade. É preciso mudar rumos do partido e do governo. É importante criticar caminhos, desvios de rota. Vamos travar essa luta frontal. Falo isso isso em nome de 30 deputados da bancada federal - afirma o deputado.