Título: Câmara: Greenhalgh rebate acusações
Autor: Folhapress
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2005, País, p. A4

SÃO PAULO - O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), candidato à presidência da Câmara, disse ontem que o caso Lubeca está ''totalmente encerrado''. Segundo ele, há uma tentativa de desestabilizar sua candidatura.

- O Supremo já decidiu, isso é transitado em julgado. A minha curiosidade é saber a quem interessa a volta desse assunto nesse momento em que sou candidato - afirmou o deputado, em São Paulo, após almoço em que recebeu apoio de 35 deputados da bancada paulista da Câmara, sendo 16 paulistas.

Segundo Greenhalgh, a divulgação de trechos de fita na qual é centro do escândalo que envolveu a Prefeitura de São Paulo há 15 anos é para dificultar sua campanha.

- É uma forma de obstar o avanço da minha campanha. Se eu fosse um candidato fraco... Ninguém chuta cachorro morto. A maior demonstração de que minha candidatura é forte é esse tipo de coisa - disse o petista, que afirmou estar com a ''consciência tranqüila''.

O deputado afirmou que a fita em que o advogado José Firmo Ferraz Filho cita o seu nome chegou a ser incluída no inquérito policial.

- A fita está dentro do inquérito, todo mundo já sabe disso. Está juntada na ação que chegou ao Supremo.

Antes de ser arquivado, o inquérito que chegou ao STF foi convertido em denúncia eleitoral contra o deputado federal Ronaldo Caiado (PFL) por crime de calúnia. A fita só foi juntada ao inquérito quando era investigada a conduta de Caiado.

O grupo Câmara Forte - deputados que apóiam a candidatura avulsa do dissidente petista Virgílio Guimarães (MG) - decidiu usar de forma estratégica o caso Lubeca. O discurso oficial dos virgilistas sustentará que o debate nas eleições da Casa precisa ser propositivo para evitar acusação de jogo sujo contra Greenhalgh e respingos no Planalto.

A ordem, porém, é martelar o assunto nos bastidores. A cautela se dará ao não entrar no mérito da acusação, evitando que a ação do grupo se transforme num ataque concreto contra o PT, ao qual Virgílio segue filiado.

- Não temos nada a ver com isso. Nossa campanha é e seguirá sendo propositiva - disse o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), articulador virgilista.

O fato político serviria para reforçar a bandeira da representatividade da candidatura de Virgílio. Greenhalgh é considerado por eles um deputado respeitável, porém distante da realidade da Casa e do chamado ''baixo clero'' (deputados de pouca visibilidade política).

A acusação pode virar uma mácula política ao ''currículo ilibado'' de Greenhalgh de defensor de perseguidos políticos e dos direitos humanos. Para o líder do PPS e pró-Virgílio, Júlio Delgado (MG), a bancada do PT errou ao escolher candidato.

- A acusação pode até ser coisa do passado. Mas, sem prejulgar Greenhalgh, é grave suficiente que o nome que representará a Casa suscite dúvidas.