Título: Sem Gtech, Caixa reduz gasto
Autor: André Silveira
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2005, País, p. A6
Banco economiza 45,8% na contratação da empresa que vai controlar as loterias em todo o país A Caixa Econômica Federal conseguiu ontem uma redução de 45,8% no pregão reverso para contratação da empresa ou consórcio que substituirá a multinacional Gtech no processamento de loterias em todo o país. A empresa Vicom foi a vencedora da licitação ao apresentar uma proposta de R$ 283 milhões, bem abaixo do valor estipulado pela CEF em seu edital (R$ 522 milhões) e 53% inferior do que pagava à Gtech no polêmico contrato emergencial assinado em 2003 e que termina em abril deste ano.
Por volta das 21h56,após mais de 200 lances oferecidos pelas empresas e consórcios que desejam participar do negócio, a Vicom conseguiu barrar o consórcio Integração Lotéricas CEF, formado Telemar, Brasil Telecom, Telefônica, Pegasus, Metro Red e Telefônica Empresas. Os dois concorrentes passaram boa parte da noite reduzindo em R$ 100 mil a sua proposta a cada lance que ofereciam no pregão.
Logo na abertura dos envelopes, pela manhã, o consórcio Integração Lotéricas CEF, já dava sinais de que a CEF economizaria na licitação alguns milhões de reais hoje pagos para a Gtech. O consórcio apresentou a proposta R$ 372.065.400,00, já garantindo à Caixa,naquele instante, uma economia de 28,72% sobre o preço fixado em edital.
A empresa Vicom é controlada pela Consat, e foi a vencedora no ano passado do leilão realizado pelo Ministério das Comunicações para o programa Governo Eletrônico, Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac). A Vicom chegou a apresentar uma proposta de R$ 378.543.000,00 no início da licitação. Também disputaram o consórcio Vsat - formado pela Telesat e Via Telecom, além da própria Vsat, que apresentou um preço inicial de R$ 434.168.435,50. As empresas Embratel, Impsat e PrimeSys também chegaram a apresentar propostas, mas foram desclassificadas por terem sido muito além das ofertadas pelas demais concorrentes ( acima de R$ 500 milhões).
A empresa ou consórcio que vencer a disputa irá proporcionar o serviço de integração de rede transmissão de dados para nove mil lotéricas em cerca de 25 mil pontos já instalados nas casas lotéricas espalhadas em todo o Brasil.
Em nota oficial a Gtech Brasil informou ontem, durante a abertura do pregão, que decidiu não participar da licitação por entender que seu modelo de negócio, ''voltado para agregar valor para o cliente'', não estaria contemplado no escopo do edital da CEF.
''A Gtech teve oportunidade de apresentar sua visão para a Caixa Econômica Federal com relação aos benefícios de uma licitação com modelo integrado. A Caixa optou por trilhar um caminho diferente. Respeitamos sua decisão''.
O pregão adotado pela Caixa, que pulverizou a compra de produtos e a prestação de serviços para rede de loterias em vários lotes é apontado pela multinacional como fator de risco ''por não assegurar a qualidade técnica para uma operação de tal complexidade''.
Na nota oficial a multinacional informa que 30% do seu faturamento está bloqueado desde que o Ministério Público Federal acionou a empresa na Justiça ''Desde agosto de 2004, a empresa está contestando veementemente a ação civil e a retenção, pois são baseadas em informações errôneas contidas em um relatório de auditoria desatualizado e incompleto. Essa situação pendente prejudica a competitividade de participação da empresa em novas licitações'', alegou.