Título: Xeques se reúnem com líder iraquiano
Autor: Olivia Hirsch
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2005, Internacional, p. A7

Enviados do Brasil ao Oriente Médio para tentar ajudar no fim do seqüestro do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr., os xeques libaneses Ali Mohammed Abdouni e Jihad Hassan Hammadeh se reunirão hoje com o porta-voz da Associação dos Clérigos Muçulmanos do Iraque (ACMI), Muthanna Hareth al Dhari, no Líbano. Do encontro, também participará o embaixador Affonso Celso de Ouro-Preto, que ontem se deslocou a Beirute, após uma visita à Síria. Os xeques pretendem entregar um apelo por escrito ao iraquiano, para que seja lido nas 9 mil mesquitas do país.

- Atualmente, esse é o meio de comunicação mais rápido e eficaz no Iraque. A associação é respeitada e tem acesso a toda população, entre eles os seqüestradores - disse, por telefone ao JB, o xeque Abdouni.

O religioso, que vive em São Paulo, disse estar confiante de que o seqüestro terá um desfecho positivo em breve e de que João está bem de saúde. Ele ainda contou que os apelos da família e do jogador Ronaldinho, assim como a manifestação de sábado em Juiz de Fora, têm repercutido na região.

- Tudo que é feito no Brasil está sendo noticiado aqui. As TVs locais estão transmitindo - comenta.

Os xeques também discutirão na reunião a possibilidade de um representante da ACMI (também conhecida como Cúpula dos Sábios) gravar um apelo na televisão.

- A idéia é esclarecer a posição do Brasil no conflito e mostrar que João de Vasconcellos é uma pessoa inocente, funcionário de uma empresa que tem filiais em muitos países do mundo - afirma, acrescentando que permanecerá no Oriente Médio pelo ''tempo que for preciso'' e que está em constante contato com a família de João.

O engenheiro foi capturado no dia 19, quando se dirigia ao aeroporto da cidade de Beiji, Norte do Iraque. Ele trabalhava para a construtora Norberto Odebrecht na reforma de uma termoelétrica.

No sábado, uma manifestação organizada por amigos da família reuniu 1.500 pessoas em Juiz de Fora e já há planos de reeditar o protesto em São Paulo. Segundo Iskandar Riachi, conselheiro especial da Confederação Nacional das Entidades Líbano-Brasileiras (Confelibra), um membro da família o visitará hoje na capital paulista para discutir o assunto.

Ontem, em nota oficial, o Itamaraty confirmou a ida de Ouro-Preto ao Líbano e destacou que até agora o embaixador ''encontrou em todos os seus interlocutores atitude de muito boa vontade e disposição de prestar apoio''. Ouro-Preto já manteve conversações com autoridades na Jordânia e na Síria. Em Roma, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pediu ajuda ao governo italiano, que ano passado conseguiu libertar duas reféns.