O Globo, n. 32033, 20/04/2021, País, p. 7

 

Ao lado de Bolsonaro, Pujol diz que Exército é ‘leal à Constituição’
Dimitrius Dantas
20/04/2021

 

 

 

De saída do comando do Exército, o general Edson Leal Pujol afirmou ontem que a Força age com “lealdade ao Brasil e à Constituição” e é uma “instituição de Estado”. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que no fim de março trocou o ministro da Defesa e os comandantes militares, Pujol voltou a classificar a pandemia de coronavírus como o “maior desafio dessa geração”.

Ao anunciar que estava deixando o Ministério da Defesa, Fernando Azevedo e Silva afirmou que, enquanto esteve no cargo, “preservou as Forças Armadas como instituições de Estado”. A demissão inaugurou uma crise militar e despertou nos outros Poderes o receio de que haveria, por parte de Bolsonaro, uma tentativa de politizar a atuação das Forças Armadas.

—Nesta data (dia do Exército), renova-se o compromisso da instituição de Estado secular, de integral devotamento à pátria e da justa e perfeita identificação com os ideais do povo brasileiro. Inspirados em Guararapes, o Exército de Caxias manterá acesa a feérica chama do patriotismo, do sentimento do dever, da probidade e da lealdade ao Brasil e à Constituição —afirmou o general.

A solenidade em comemoração ao dia do Exército foi o último evento de Pujol na posição de comandante —ele entregará hoje o cargo ao general Paulo Sérgio Nogueira.

Durante o discurso, Pujol fez referência à atuação do Exército nas medidas de combate à pandemia. Em maio do ano passado, em uma cena que evidenciou os diferentes entendimentos sobre a necessidade de distanciamento social, Pujol ignorou o fato de Bolsonaro ter estendido a mão e o cumprimentou com o cotovelo. A atitude irritou o presidente e aumentou a pressão do Palácio do Planalto pela substituição, o que Azevedo e Silva contornou enquanto foi possível.

— No maior desafio experimentado por essa geração, o combate à pandemia da Covid-19, ao lado das forças coirmãs, sob a coordenação do Ministério da Defesa e contribuindo para com o esforço do governo federal, o Exército atua não somente com competentes profissionais de saúde como também na desinfecção de insprovocado talações, doações de sangue para recomposição dos estoques em hospitais, distribuição de alimentos, medicamentos, imunizantes, equipamentos e oxigênio —listou Pujol. Em um rápido discurso no mesmo evento, Bolsonaro mudou a forma como vinha tratando o Exército. Nas últimas semanas, o presidente tinha citado a Força como “meu Exército”, o que teria incômodo em uma parcela do generalato.

—Hoje é o nosso dia, é o dia de todos os brasileiros. Porque não existe quem não se identifique com o meu, com o seu, com o nosso Exército Brasileiro —afirmou.

“DARÁ A SUSTENTAÇÃO”

O presidente, que chegou ao posto de capitão do Exército, lembrou o período em que ingressou nas Forças Armadas e citou a democracia e a liberdade como valores especiais para o Exército:

— Termino dizendo a todos os brasileiros, a todos os irmãos do Exército. Hoje é uma data que orgulha a todos nós, porque aniversaria aquele que nos dará a sustentação para que ninguém ouse ir além da nossa Constituição —disse Bolsonaro.

“Nesta data (dia do Exército), renova-se o compromisso da instituição de Estado secular, de integral devotamento à pátria e da justa e perfeita identificação com os ideais do povo brasileiro” 

Edson Leal Pujol, comandante do Exército, na véspera de deixar ocargo