O Globo, n. 32036, 23/04/2021, Sociedade, p. 14

 

Cenário é de ‘escassez de vacinas’, dizem secretários
Adriana Mendes
23/04/2021

 

 

 

A baixa cobertura vacinal no país na segunda onda da pandemia de Covid-19 é uma das principais preocupações de estados e municípios. Em audiência púbica no Senado, ontem, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde( Conas e ms) apontaram a necessidade de aumento no orçamento para garantir o enfrentamento da pandemia, principalmente diante da previsão de um cenário de escassez de imunizantes para os próximos meses.

—Eu acho que a gente tem um cenário difícil, dificílimo. Para os próximos dois meses a gente deve ter um cenário de escassez de vacinas, isso é preciso ser dito. A gente não sabe o que vai acontecer com a Índia, onde há um recrudescimento muito grande da doença, que é o maior exportador de IFA (insumo — disse Carlos Eduardo Lula, presidente do Conass.

A média de quase 3 mil mortes e de 63 mil novos casos ao dia é considerada preocupante, mesmo com uma pequena redução na última semana, e o número de pessoas internadas com a doença é alto. Por outro lado, a avaliação é a de que o país tem capacidade de vacinar 3 milhões de pessoas por dia, mas o que falta é o insumo.

— Com relação à temática vacina, o que falta é vacina. O cronograma apresentado sempre é reduzido. Nunca temos a obediência desse cronograma como deve acontecer —afirmou o presidente do Conas ems,Wil ames Freire.

A questão orçamentária é considerada crucial neste momento. Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falta de planejamento do governo federal, que não reservou dinheiro para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 em 2021. Na audiência, representantes do tribunal explicaram que o processo ainda depende de uma decisão dos ministros. Técnicos do T CU defendem um orçamento separado para o combate à Covid.

ATRASO DA PFIZER

As primeiras doses da vacina da Pfizer serão distribuídas aos estados em maio. O Ministério da Saúde anunciou ontem que um milhão de doses do imunizante serão enviadas em duas etapas, com 500 mil doses cada, na primeira quinzena de maio, às 26 capitais do país e ao Distrito Federal.

De acordo com a pasta, a prioridade foi dada às capitais devido à capacidade de armazenamento, uma vez que a vacina da Pfizer requer conservação em temperaturas muito baixas. O Brasil tem um contrato para fornecimento de 100 milhões de doses da vacina, das quais 15,5 milhões devem chegar até junho.

A orientação do Ministério da Saúde é que as primeiras 500 mil doses sejam utilizadas imediatamente, e as 500 mil doses seguintes sejam aplicadas como segunda dose. O intervalo entre as aplicações é de 21 dias.