O Globo, n. 32036, 23/04/2021, Mundo, p. 24

 

Rússia anuncia fim de exército militar na fronteira da Ucrânia 

23/04/2021

 

 

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, anunciou ontem que o país está começando a retirar o contingente militar enviado para a área próxima à fronteira com a Ucrânia após os exercícios realizados nas últimas semanas serem considerados “satisfatórios”. O retorno às bases militares dos 100 mil soldados, além de navios e aeronaves, começa já a partir de hoje.

— As tropas demonstraram capacidade de garantir uma defesa confiável — ressaltou Shoigu ao anunciar a saída.

A concentração de forças na Crimeia, território ucraniano anexado unilateralmente pelos russos em 2014, é parte de uma mobilização muito maior de tropas russas, que vinha preocupando os países da Otan, a aliança militar liderada pelos EUA. O temor das potências ocidentais era de que Moscou poderia iniciar uma guerra local para ocupar a área do Donbass, no Leste da Ucrânia, onde desde o fim de 2013 há um conflito entre o Exército ucraniano e forças separatistas pró-Rússia.

A presença dos milhares de militares russos também elevou a tensão com o governo de Kiev.M ais cedo, o ministro das Relações Exteriores ucraniano exortou aliados amostrarem que estão preparados para punir Moscou com novas sanções. Após o anúncio da retirada de tropas, no entanto, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que está pronto para receber o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, “a qualquer momento” em Moscou, para tratar de relações bilaterais. Zelensky pediu que Putin aceitasse uma reunião na quarta-feira.

— Se se trata de falar de relações bilaterais, claro, estamos prontos para receber o presidente ucraniano em Moscou a qualquer momento que ele julgar apropriado — disse Putin, pontuando que, se Zelensky pretende discutir o conflito entre as forças ucranianas e os separatistas pró-russos, “ele deveria se reunir principalmente com os líderes das duas repúblicas proclamadas pelos rebeldes”. —Houve muitas medidas destinadas a destruir nossas relações. Se o presidente Zelensky quiser começar a restabelecê-las, vamos recebê-lo.

A Otan também reagiu ao anúncio, mas disse em nota que “permanece vigilante”.