Título: CIA tem poder total
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/03/2005, Internacional, p. A7

Agência pode transferir suspeitos e interrogá-los

WASHINGTON - O governo Bush deu à CIA, agência da inteligência americana, ampla autoridade para enviar suspeitos de terrorismo a países estrangeiros para interrogatórios, dias após os ataques de 11 de setembro de 2001. A informação foi divulgada ontem pelo The New York Times.

De acordo com o jornal, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, assinou uma diretiva confidencial que permitia à CIA transferir suspeitos sem a necessidade de permissão específica da Casa Branca, da procuradoria-geral ou do Departamento de Estado, num processo conhecido como capitulação.

A CIA não quis comentar a reportagem e a Casa Branca disse que não iria confirmar a existência da ordem oficial. Mas o conselheiro da Casa Branca, Dan Bartlett, defendeu a política do governo, dizendo que era importante, após os ataques de 11 de setembro, ''dar uma boa olhada em nosso aparato militar, de inteligência e diplomático para saber como combateríamos e venceríamos a guerra ao terror.''

- Parte disso é para garantir que possamos lidar com terroristas conhecidos que tenham informações sobre operações em andamento, sendo vital que sejamos capazes de detê-los - afirmou Bartlett no programa Late Edition, da CNN.

Nas últimas semanas, o programa de capitulação vem sendo examinado depois que vários ex-prisioneiros reclamaram de tratamento desumano e que grupos de direitos humanos reclamaram que as operações violaram os padrões americanos que condenam as torturas. Embora as transferências de presos tenham sido feitas antes dos ataques de 11 de setembro, desde então, a CIA já enviou entre 100 a 150 suspeitos para países como Egito, Síria, Arábia Saudita, Jordânia e Paquistão.

Uma importante autoridade americana afirmou ao jornal The New York Times que o projeto foi criado visando apenas os suspeitos de conhecer informações sobre operações terroristas e que estes foram transferidos sob a promessa de que não seriam torturados.

- Obtivemos garantias e as checamos para ter certeza de que as pessoas estavam sendo tratadas da maneira apropriada em respeito aos direitos humanos - explicou

A fonte do The New York Times não contestou que houve maus tratos em alguns casos, mas disse que nenhum dos prisioneiros morreu.