Título: Powell diz ser contra ação militar no Irã
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/03/2005, Internacional, p. A8

Ex-secretário de Estado quer diplomacia

WASHINGTON - O ex-secretário de Estado americano Colin Powell afirmou que não vê necessidade de intervenção militar contra o Irã pelas suspeitas de desenvolvimento de armas nucleares, devido aos fortes esforços diplomáticos nesse sentido.

Powell disse em entrevista, no sábado, à Fuji Television, emissora japonesa de televisão, que apesar da força militar continuar sendo uma opção, o presidente George Bush pretende conseguir uma solução diplomática.

- Só porque existe a possibilidade de usar força militar, não vejo qualquer necessidade de pensar sobre isso agora porque há fortes esforços diplomáticos em curso - disse Powell ao programa Hodo 2001.

- A comunidade internacional uniu-se para deixar claro ao Irã que eles não deveriam desenvolver armas nucleares. Estamos formando esforços com União Européia e trabalhando com a Agência Internacional de Energia Atômica - acrescentou.

Bush aproximou-se na semana passada da oferta européia de incentivos para o Irã abandonar as armas nucleares, mas autoridades dos EUA dizem que pode levar ainda semanas para que um acordo sobre o assunto seja finalizado.

Os Estados Unidos querem que Grã-Bretanha, França e Alemanha, que tentam negociar o fim do programa nuclear iraniano, apóiem a discussão do tema no Conselho de Segurança da ONU e talvez a imposição de sanções.

Os três países europeus ofereceram incentivos econômicos e políticos se o Irã abandonar seu programa de enriquecimento de urânio, que pode produzir combustível para usinas de energia nuclear ou para bombas atômicas. Teerã afirma que seus programas tem como finalidade exclusiva a produção de energia.

Colin Powell, que entrou em conflito com representantes de linha dura do governo Bush por preferir a diplomacia em lugar de soluções militares, afirmou que o programa nuclear da Coréia do Norte representa uma ameaça, mas também acredita que os esforços diplomáticos terão mais sucesso neste caso.

O ex-secretário de Estado americano disse que os casos da Coréia do Norte e do Irã são diferentes da situação no Iraque, principalmente porque havia um conflito quente acontecendo com o então líder Saddam Hussein sobre as repetidas violações de resoluções da ONU.

Powell reconheceu que tinha diferenças com algumas autoridades, incluindo o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, sobre o tempo que seria dado à ONU para resolver a disputa com o Iraque antes da declaração de guerra.

Mas o ex-secretário insistiu que a preferência de Washington foi ''sempre tentar encontrar uma solução pacífica para o problema e não procurar uma oportunidade para ir à guerra''.