O Globo, n. 32040, 27/04/2021, País, p. 5

 

Governo incluiu propaganda em campanha contra a pandemia
Daniel Gullino
27/04/2021

 

 

 

No documento, a Secom lista 12 campanhas realizadas, a maioria simultaneamente na televisão, no rádio e na internet. Algumas das campanhas também foram veiculadas no exterior. Dessas, seis tiveram como objetivo principal divulgar medidas do governo, de acordo com a descrição apresentada. Quatro delas foram destinadas a informar práticas de prevenção à Covid-19 e vacinação, e duas divulgaram serviços do governo ligados à pandemia (um aplicativo com orientações sobre a doença e um programa de convocação de estudantes).

A maior parte das ações relatadas ocorreu no período no qual a Secom era comandada por Fabio Wajngarten. Senadores pretendem convocar o ex-secretário para a CPI da Covid, e cogitam uma acareação com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Na semana passada, Wajngarten criticou, em entrevista à revista “Veja”, a atuação do Ministério da Saúde na compra de vacinas contra a Covid-19.

A realização de campanhas publicitárias pelo governo sobre a pandemia é um dos temas em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Relatório técnico avalia que, no caso do Ministério da Saúde, a campanha “não pareceu adequada para situações de crise, principalmente, considerando a gravidade atual da pandemia, que necessita de agilidade nas intervenções”.

Na semana passada, o governo pediu a diversos ministérios um relatório das ações tomadas no combate à pandemia. Cada pasta ficou encarregada de responder algumas das acusações feitas ao governo.

O Ministério das Comunicações, ao qual a Secom está subordinada, ficou encarregado de apresentar argumentos contra duas acusações: que o governo não promoveu campanhas de prevenção à Covid-19, e que não foi transparente nem elaborou um plano de comunicação para o enfrentamento da doença.

No relatório, a Secom diz que foram gastos R$ 100 milhões no total das campanhas. Entre abril e dezembro foram 12 mil inserções na TV e 76 mil no rádio. Parte das ações foram realizadas pelos Ministério da Saúde, da Cidadania e do Turismo, com recursos da Secom.

Uma das campanhas sobre ações do Executivo foi sobre o “atendimento precoce”. A descrição da campanha diz que o intuito foi “divulgar o pacote de ações que o governo federal lançou nos estados e municípios para fortalecer os serviços de saúde durante a pandemia”.

O governo costumava divulgar o “tratamento precoce”, nome utilizado para falar sobre o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.