O Globo, n. 32040, 27/04/2021, Sociedade, p. 10

 

Queiroga admite dificuldade na entrega de segunda dose
Adriana Mendes
27/04/2021

 

 

 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou ontem a judicialização para entrega de doses da vacina CoronaVac e avisou que, se todos procurarem a Justiça, “não haverá doses pra todo mundo”.

Ele citou, em sessão da comissão do Senado que discute medidas de combate à Covid-19, o exemplo de João Pessoa, na Paraíba, que recebeu o imunizante após liminar. Queiroga admitiu que há dificuldades no fornecimento de vacinas para aplicação da segunda dose em vários estados, mas advertiu sobre o caminho adotado na capital paraibana:

— Se todos judicializarem, não há dose para todo mundo.

O ministro disse que a previsão de distribuição das próximas doses da CoronaVac aos estados é daqui a dez dias, devido ao atraso da entrega do IFA (ingrediente farmacêutico ativo) ao Instituto Butantan. Queiroga informou que o ministério vai emitir uma nota técnica sobre o assunto. Ele lembrou que, há cerca de um mês, a pasta liberou a aplicação da segunda dose, mas agora está “preocupado”.

— Tem nos causado certa preocupação a CoronaVac. (...) Se os senhores lembram, cerca de um mês atrás foram liberadas as segundas doses para que se aplicassem, e agora, em face do retardo de insumo vindo da China para o Butantan, há uma dificuldade com essa segunda dose —disse na audiência.

Queiroga também falou sobre a atualização do cronograma de vacinação, divulgada no último sábado. O número de doses esperadas para o mês de maio caiu de 46,9 para 32,4 milhões. Ele justificou que foram retiradas do cronograma 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, ainda sem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e citou a demora para entrega do IFA para produção de vacinas no Brasil.

— Temos trabalhado fortemente pra conseguir mais doses — disse, acrescentando, sem dar detalhes, que está negociando a compra de vacina de um outro fabricante chinês.

O ministro fez um “apelo” para que os estados respeitem o Programa Nacional de Imunizações (PNI). O secretário de vigilância em saúde, Arnaldo Medeiros, disse que a pasta está monitorando “rigorosamente os estados que estão com déficit da segunda dose”.