O Globo, n. 32041, 28/04/2021, País, p. 4

 

Protocolos sanitários e provocações na primeira sessão
Paulo Cappelli
Julia Lindner
28/04/2021

 

 

 

Centro do debate sobre a prevenção do contágio entre senadores e funcionários, a primeira sessão presencial da CPI ocorreu sob protocolo sanitário para tentar evitar a circulação do vírus. Na sala da comissão, os senadores tiveram que sentar de forma espaçada, com uma cadeira de distância entre cada um deles, respeitando o distanciamento social. O uso de máscaras foi obrigatório, apesar de o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter ficado um tempo sem o acessório. E recipientes de álcool em gel foram espalhados pela Mesa.

Também foram instalados totens para que os senadores do grupo de risco pudessem votar sem precisar entrar no prédio. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) usou o dispositivo.

Antes de entrar no edifício do Senado, todas as pessoas tiveram a temperatura aferida e preencheram a um questionário que, se respondido corretamente, indica suspeitas de casos de Covid-19. A imprensa não pôde entrar na sala onde os trabalhos da CPI são realizados e acompanhou a sessão em três televisores espalhadas pelo Senado.

Nos debates da comissão, senadores governistas defenderam que a CPI não deveria dar andamento aos trabalhos devido à pandemia. O líder do governo, Eduardo Gomes (MDB-TO), fez formalmente um pedido para que a comissão só funcionasse após a vacinação de todos os senadores. Flávio Bolsonaro acompanhou a reivindicação.

O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), ironizou:

—Antes de qualquer coisa, acho importante comemorar a declaração do Flávio, porque afinal foi a primeira vez que ele demonstrou preocupação com aglomeração. Talvez ele esteja saindo do negacionismo.

Flávio também foi alvo da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), depois de ironizar o fato de a bancada feminina não ter se insurgido contra a ausência de senadoras na comissão.

—Não vamos admitir ironia machista contra as mulheres —disse ela.