Título: Estrutura deficiente favorece os bandidos
Autor: Hugo Marques e Leandro Bisa
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2005, Brasília, p. D8

As secretarias de Segurança Pública de Goiás e do DDF reconhecem que o crime organizado está migrando para o Entorno e esperam ansiosas o auxílio dos colegas federais. Lavagem de dinheiro, oficinas de desmanches, laboratórios e depósitos de drogas estão escondidos em várias das 19 cidades goianas que contornam o DF. As dificuldades da polícia goiana para investigar e prender os bandidos começam pela falta de pessoal. São apenas 300 policiais civis e três mil militares para uma população superior a 815 mil pessoas. - A partir do momento em que a polícia civil se torna eficiente no DF, pois conta com apoio do governo federal e é melhor paga e equipada, as quadrilhas migram para o Entorno - disse o diretor da Polícia Civil do Goiás, delegado Humberto de Jesus Teixeira.

A polícia não tem a dimensão exata sobre quais as especialidades das quadrilhas que migram do DF para o Entorno, segundo Teixeira, mas tem verificado, principalmente, a presença de ladrões de carros, narcotraficantes e até esquemas de lavagem de dinheiro.

- Casas de jogos eletrônicos que vieram para o Entorno estariam envolvido em lavagem de dinheiro. Mas é uma tese. Temos que fazer, de fato, esse mapeamento e ver como está acontecendo essa migração - comentou o diretor da Polícia de Goiás.

O homem responsável pelo contato entre os goianos e os federais é o delegado regional de Luziânia, José Luiz Martins, que comanda a polícia civil nos 19 municípios goianos que compreendem o Entorno.

Martins acredita que o apoio federal pode suprir as necessidades da polícia local, bem aquém da do DF. O salário base dos agentes de Goiás é R$ 1,2 mil, bem menos do que os R$ 4,1 mil pagos aos colegas do DF. Isso para não falar na falta de armas, viaturas e equipamentos básicos de investigação.

O resultado da precarieadade da polícia goiana é sentida no DF, que sofre com os crimes praticados pelo crime que se organiza nas cidades goianas e mineiras, onde a polícia brasiliense não tem competência para agir, pois é outra jurisdição.