Título: Lucro do Bradesco bate recorde
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 01/02/2005, Economia, p. A18

Banco teve resultado líquido de R$ 3,06 bi em 2004, puxado por expansão de clientes OSASCO - Maior banco privado do país, o Bradesco fechou 2004 com lucro líquido recorde em sua história, de R$ 3,06 bilhões, um crescimento de 32,7% em relação a 2003. O recorde anterior foi do ano de 2001, quando, segundo cálculos a valores atuais feitos pela Economática, chegou a R$ 2,8 bilhões. Um terço da marca do ano passado, R$ 1,058 bilhão, foi atingido nos três últimos meses do ano - outro recorde -, logo após a retomada da trajetória de alta da taxa básica de juros - que, entre setembro e dezembro, passou de 16% para 17,75% ao ano.

- O crescimento foi baseado na forte expansão da base de clientes, no volume de negócios atingido, na redução de custos e no controle mais rigoroso da inadimplência - explicou o diretor-presidente do Bradesco, Márcio Artur Laurelli Cypriano, ontem, durante a divulgação do balanço anual.

Os resultados gerados pela cobrança de serviços bancários foram além do desempenho geral: o avanço foi de 43,76%, passando de R$ 553,44 milhões para R$ 795,6 milhões. Na representação do lucro, os serviços bancários aumentaram a fatia de 24% para 26%.

Os ativos do banco avançaram 5%, passando de R$ 176 bilhões para R$ 184,9 bilhões. A carteira de crédito passou de R$ 54,336 bilhões para R$ 62,788 bi, alta de 15,55%. Embora tenham aumentado em valores absolutos, as operações de crédito reduziram a participação na origem do lucro, passando de 35% para 32%. Essa queda ocorreu de forma mais acentuada, segundo Cypriano, no segmento de empréstimo a grandes empresas, que caiu de R$ 24,6 bilhões para R$ 22,9 bi.

- As grandes empresas estão buscando captar mais recursos via mercado de capitais - comentou Cypriano que, ainda assim, estima avanço de 20% no crédito em 2005, por conta do esperado crescimento da economia ao longo do ano. A carteira de pessoas físicas aumentou de R$ 15,6 bilhões para R$ 21,2 bilhões - avanço de 35,9% e o crédito consignado somou R$ 1 bilhão.

As linhas de financiamento imobiliário concederam R$ 1,157 bilhão, contra R$ 1,001 bilhão de 2003. Segundo Cypriano, ''o Bradesco não concede mais porque não há demanda pelo crédito''.

- As novas regras foram criadas para que se atingisse o volume de R$ 12 bilhões proposto para esse ano, que não teria saída de outra forma - limitou-se a comentar Cypriano sobre as novas regras de financiamento estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, que aumentaram o limite dos financiamentos e criaram incentivos para elevar o volume emprestado pelos bancos.

A distribuição de dividendos, realizada mensalmente, somou R$ 1,3 bi. Cada ação, com valor patrimonial de R$ 32,07, proporcionou R$ 6,45 de lucro líquido, ou rentabilidade média de 21,95%.

O presidente do Bradesco atribuiu ao nível elevado de empréstimo compulsório (montante diário recolhido obrigatoriamente pelos bancos ao BC sobre os depósitos à vista) a responsabilidade pela alta dos juros na economia.

- O compulsório de 45% é paralisante. Continuamos com a bandeira de que a redução do compulsório é uma possibilidade real de reduzir a taxa de juros.

Para 2005, a equipe de economistas do Bradesco prevê mais duas altas na taxa básica de juros, de 0,5 e 0,25 ponto percentual. O banco não acredita que o governo vá atingir a meta de inflação medida pelo IPCA, estipulada pelo Banco Central, de 5,1%.

- Apostamos em 5,6%, com viés de baixa - brincou o diretor José Luís Acar Pedro.

O mercado considerou ''extremamente forte'' o resultado do Bradesco. Para Adriano Seabra, da GAP Asset Management, o movimento dificilmente será repetido por outro banco.

- O Bradesco se beneficiou de um processo de segmentação de mercado que já foi consolidado pelo Itaú e que no Unibanco está apenas começando - comenta.