Título: EUA se defendem culpando vítimas
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/03/2005, Internacional, p. A7

WASHINGTON - O Pentágono confirmou que soldados americanos no Iraque dispararam contra o automóvel em que estava a jornalista Giuliana Sgrena, recém-liberada depois de um seqüestro de um mês. No tiroteio, a repórter ficou ferida e o agente secreto Nicola Calipari morreu.

- O veículo que se aproximava em alta velocidade de um posto de controle - afirmou o sargento Kate Neuman, porta-voz dos militares americanos em Bagdá. - O incidente está sob investigação.

Em um relatório, a Terceira Divisão de Infantaria em Bagdá assegurou que tentou alertar o motorista do carro, com sinais com as mãos e armas e feixes de luz branca. Mas como ele ''se recusou a parar'' ao chegar no posto de checagem, antes do aeroporto, os soldados atiraram no bloco do motor. O documento também justifica que o veículo se aproximava em alta velocidade.

Mas esta não é a versão divulgada pelo primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi. Ele recebeu informações de um agente que estava se comunicando com os tripulantes do carro, que estaria parado no posto de checagem quando o tiroteio começou.

''Uma mulher ferida foi estabilizada pelos médicos e transferida para uma unidade hospitalar militar, para tratamento'', relata o texto, referindo-se a Sgrena.

Segundo a agência Ansa, uma autoridade do Departamento de Estado dos EUA telefonou para a embaixada italiana em Washington para expressar ''arrependimento'' pela morte do agente secreto.

Berlusconi é um dos mais importantes aliados do presidente George Bush na Europa e foi defensor fervoroso da invasão americana ao Iraque, em 2003. A Itália tem o quarto maior contingente estrangeiro no Iraque, atrás dos EUA, da Grã-Bretanha e da Coréia do Norte.