Título: Cristovam e Filippelli trocam acusações
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 05/03/2005, Brasília, p. D3

E sinalizam como será a disputa pela sucessão no Buriti

O terreno está sendo preparado e as disputas políticas em torno da eleição para o Buriti, no ano que vem, já começam a ser travadas nas tribunas do Congresso Nacional. O deputado federal Tadeu Filippelli, presidente do PMDB no DF, e o senador Cristovam Buarque (PT) proferiram discursos, nesta semana, em que tentam jogar descrédito nas administrações adversárias, culpando-se entre si pelos problemas de infra-estrutura, nas áreas sociais e no combate à grilagem de terras enfrentados pelo DF. As primeiras críticas partiram de Cristovam, em um discurso na quinta-feira, apoiando-se na efervescência das recentes polêmicas envolvendo as secretarias de Saúde e Educação. O senador culpou o governo atual - sem mencionar o nome do governador Joaquim Roriz - pelo surto de hantavirose, no meio do ano passado, e pela falta de salas de aula, no início deste ano letivo. Cristovam acusou a gestão atual do DF de priorizar obras faraônicas enquanto deixam a ''capital doente''.

- Em vez de fazer uma ponte no lago [Ponte JK], meu governo fez obras de saneamento. Roriz só faz viaduto, e secretário [Filippelli está licenciado da Secretaria de Obras do DF]que só faz viaduto não é secretário - atacou Cristovam.

O pronunciamento suscitou uma reação rápida de Filippelli, principal aliado de Roriz na Câmara. Em um discurso na tribuna da Casa, ontem, o deputado rebateu as acusações de Cristovam e aproveitou para jogar lama na administração do PT (1995-1998). Filippelli classificou a gestão de Cristovam de ''incompetente'' e de ''inoperante''. Lembrou que Cristovam enfrentou, no início de seu mandato, a mais longa greve dos professores da rede pública. Classificou também o discurso do senador como um ataque direto a Roriz.

- Não se pode invocar tamanha injúria sem mencionar o nome do governador. O tempo de o DF ter dois governadores acabou e governador do DF chama-se Joaquim Roriz. Cristovam é ex - rebateu o deputado.

Tanto Filippelli quanto Cristovam, entretanto, negam que estejam iniciando a campanha eleitoral pelo GDF pelos corredores do Congresso. Cristovam defende que Filippelli utilizou a tribuna para fazer comício enquanto rebatia as acusações que fizera.

- Do ponto de vista dele [Filippelli], já está lançada a corrida eleitoral. Não estou preocupado com o pleito de 2006 a não ser com a reeleição de Lula - desconversou Cristovam.

Filippelli adota a mesma estratégia e afirma que o senador quer adiantar o início dos debates em torno da sucessão ao Buriti.

- Uma ataque gratuito como o que foi feito pelo senador só pode ter cunho eleitoral. O meu discurso não suscita nenhum clima de sucessão - rebate Filippelli.