Título: O feminino domina o mercado
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 05/03/2005, Brasília, p. D8
A participação das mulheres no mercado de trabalho chega a 58,6%, mas continuam recebendo 59% do que é pago aos homens na mesma função
A taxa de participação feminina no mercado de trabalho cresceu de 54,2%, em 1998, para 58,6%, em 2004, no Distrito Federal, segundo levantamento do Dieese. A pesquisa é realizada mensalmente com base em uma amostragem de 2,5 mil domicílios do DF e foi centrada na comparação com os dados de 1998 e 2004. Apesar da maior presença no mercado de trabalho, a taxa de desemprego feminino é maior que a dos homens. As mulheres representaram 56,7% dos desempregados do DF, no ano passado, sendo que, em 1998, o percentual era de 53%. A pesquisa indicou, ainda, que a diferença de rendimentos entre homens e mulheres se reduziu. Isto porque a renda do homem caiu. Há 13 anos, os ganhos femininos representavam, em média, 59,8% dos masculinos. As mulheres ganhavam, em média, R$ 1,001 mil, enquanto os homens recebiam R$ 1,674 mil. Em 2004, o rendimento feminino subiu para 70,8% dos ganhos dos homens. As mulheres receberam em média R$ 1,006 mil, enquanto os homens receberam R$ 1,421 mil.
¿ Na verdade não houve um aumento relevante dos rendimentos femininos, mas um decréscimo dos rendimentos masculinos ¿ explica o coordenador da pesquisa, Antônio Ibarra.
Quanto à participação feminina nos rendimentos familiares, em 2004 as mulheres participaram, em média, com 48,6% do total da renda familiar. Condições de Trabalho A pesquisa também aponta melhoria nas condições de trabalho das mulheres. Elas estão deixando o trabalho vulnerável, como o sem carteira assinada, o de empregadas domésticas, autônomas ou trabalhadoras familiares.
A proporção entre homens e mulheres no trabalho vunerável passou de 39,5% para mulheres, em 1998, para, 36,6%, no ano passado. ¿ Muitas mulheres estão saindo da inatividade e buscando uma oportunidade melhor ¿ afirma o técnico.
Esse é o caso da sócia de uma loja de roupas de festa, Gonçala Estevão Costa, 57 anos. Ela começou sua vida profissional costurando em casa para sustentar os dois filhos. Depois, passou a trabalhar como costureira de uma loja e percebeu que a venda de roupas poderia dar um bom resultado.
¿ Eu resolvi montar o negócio com uma amiga que era vendedora da loja em que trabalhávamos. Começamos em um espaço pequeno. Depois de dois anos conseguimos ampliar as vendas e mudar para um lugar melhor ¿ conta. Hoje, Gonçala tem duas funcionárias e quando precisa também confecciona os vestidos de festa.
Setores A participação feminina está principalmente no setor de Serviços, em que as mulheres passaram de 59,6% para 62,4%. Houve redução da participação feminina no serviço doméstico. Passou de 24% de 1998 para 20,3%, no ano passado. O Comércio fica em terceiro lugar na porcentagem de participação feminina (13,4%).