Valor Econômico, n. 5227, 13/04/2021, Brasil, p. A3
Queiroga afasta militares e mantém indicado do Centrão em ministério
Murillo Camarotto
13/04/2021
O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afastou militares do primeiro escalão da pasta e está privilegiando a indicação de médicos e gestores na montagem de seu secretariado.
A mais recente mudança foi confirmada ontem, com a nomeação do ortopedista Sérgio Okane para a Secretaria de Atenção Especializada (SAES), no lugar do coronel do Exército Otávio Franco Duarte.
Antes, Queiroga já havia trocado o coronel Élcio Franco na secretaria-executiva, agora comandada por Rodrigo Cruz, que veio do Ministério da Infraestrutura.
Também deixou o ministério o coronel da reserva Jorge Luiz Kormann, que estava na secretaria-adjunta e que chegou a ser indicado para a diretoria da Anvisa.
O novo ministro da Saúde - o quarto desde o início da pandemia - manteve quatro secretários da gestão anterior, todos médicos, entre eles o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, indicado em junho do ano passado pelo Centrão.
Também foram mantidos os secretários Raphael Câmara (Atenção Primária), Hélio Angotti (Tecnologia e Insumos) e Mayra Ribeiro (Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde).
Queiroga anunciou ainda a criação de uma secretaria extraordinária da covid-19, que será chefiada pela enfermeira Francieli Fontana, atual coordenadora nacional do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Segundo o Valor apurou, Francieli deve ser confirmada no novo posto entre hoje e amanhã, juntamente com outros nomes do secretariado de Queiroga.
Formada em 2003 pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, no Paraná, ela está à frente do PNI desde outubro de 2019. Servidora do Ministério da Saúde, Fantinato também participou ativamente de pesquisas relacionadas ao zika vírus, em 2016.
Desde o início da pandemia, vem participando de eventos e debates para esclarecer detalhes da vacinação contra a covid-19. De perfil técnico e discreto, ela é bem avaliada por colegas, que destacam sua experiência na área de imunização.
Em entrevistas recentes, evitou se manifestar sobre a possibilidade de o setor privado comprar vacinas, se limitando a dizer que a questão não está em sua alçada de responsabilidades. Também defende uma campanha de comunicação mais contundente em relação à importância da imunização e contra fake news.