Título: Militares: Alencar faz mais promessas
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2005, País, p. A4

O governo federal deu ontem tratamento diferenciado a esposas de militares - que reivindicam aumento de salário para os maridos - e aos sem-terra, que querem liberação de dinheiro para a reforma agrária. Ambos os grupos fizeram manifestações na Esplanada dos Ministérios. Pouco mais de 15 mulheres de militares afixaram algumas faixas em frente ao Ministério da Defesa. O grupo tinha agendado encontro com o ministro e vice-presidente da República José Alencar que prometeu levar a pauta de reivindicações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo de mulheres pede que o governo cumpra a promessa de pagamento da reposição salarial de 23%, para completar os 33% prometidos em junho.

O vice-presidente da República prometeu às mulheres de militares entregar as reivindicações salariais ao presidente Lula ''em mãos''. Novo encontro deverá ser marcado para a semana que vem entre o vice e as esposas. Ele disse ainda que visitará os apartamentos de militares, em Brasília, para constatar a precariedade em que vivem as famílias. O vice-presidente da República afirmou que a situação salarial dos militares está difícil e tem que ser melhorada - afirmou o deputado Jair Bolsonaro (PFL-RJ), que participou da reunião.

Segundo as esposas de militares, Alencar reclamou que o presidente Lula encontrou sérios problemas na área social quando assumiu o governo.

- Estamos solucionando aos poucos - disse Alencar, segundo as esposas de militares. O deputado federal Jair Bolsonaro aposta em um novo reajuste para os militares, em torno de 10%, mesmo percentual que tiveram no ano passado.

Os mais de 100 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) fizeram protesto em frente ao Ministério da Fazenda. Tinham agendado encontro com o secretário-Executivo do ministério, Bernardo Appy. Pediram a liberação de dinheiro ao governo, que foi duro. Um dos coordenadores do MST, João Paulo Rodrigues, afirmou que Appy informou não ser possível alterar os cortes de verbas.

- A decisão (do governo) foi muito radical e merece uma resposta à altura dos movimentos sociais - afirmou João Paulo.

Pelos cálculos do MST, a verba que restou para a reforma agrária, de R 1,6 bilhão, dá para assentar 35 mil famílias. O presidente Lula tinha prometido terra para 115 mil famílias este ano. As manifestações dos movimentos sociais em abril, acredita João Paulo, devem colocar a reforma agrária de novo na pauta de prioridades do governo federal.