Valor Econômico, n. 5228, 14/04/2021. Brasil, p. A5

 

Inflação acelera para todas as faixas aponta Ipea

14/04/2021

 

 

Embora tenha subido mais para a renda mais elevada no primeiro trimestre, mais pobres ainda acumulam elevação maior em 12 meses
A inflação acelerou para todas as faixas de renda em março devido aos aumentos nos preços dos combustíveis, informou o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). As famílias de renda média (entre R$ 4,12 e R$ 8,25 mil) e média alta (R$ 8,25 mil a R$ 16,5 mil) foram as mais afetadas: a variação para esses grupos passou de 0,98% e 0,97% para 1,09% e 1,08%, respectivamente.

Já as famílias de renda baixa e muito baixa apresentaram menor incremento inflacionário, com altas de 0,85% e 0,71% em suas cestas de produtos e serviços. Em 12 meses, porém, essas faixas de renda, entre R$ 900 e R$ 2,4 mil, ainda são de longe as mais penalizadas pela alta de preços. Nessa base de comparação, a inflação aumenta conforme a renda, sendo para os mais ricos de 4,67% em 12 meses e, para os mais pobres, de 7,24%.

Nos primeiros três meses de 2021 há um início de reversão dessa disparidade, com a inflação acumulada dos mais ricos chegando a 2,29%, e a dos mais pobres, a 1,60%. A previsão do Ipea é que em 2021 haja equilíbrio para a inflação sobre diferentes faixas de renda.

“Isso é efeito dos aumentos da gasolina e desaceleração na alta dos alimentos, o que diminui a pressão sobre [a cesta dos] mais pobres e aumenta a pressão sobre os mais ricos”, diz Maria Andreia Lameiras, pesquisadora do Ipea responsável pela pesquisa. Isso já havia ocorrido em fevereiro, com o reajuste de mensalidade escolar.

Para ela, a tendência de convergência das inflação para ricos e pobres para o restante do ano se deve a uma previsão de desaceleração nas altas de alimentos, ao aumento de preços administrados represados em 2020 devido à crise e, também, à inflação dos serviços.