Valor Econômico, n. 5229, 15/04/2021. Brasil, p. A4

 

Pfizer vai antecipar entrega de 1,5 milhão de doses, diz ministro
Marcelo Ribeiro
Matheus Schuch
15/04/2021

 

 

 

Segundo Queiroga, país receberá 15,5 milhões de imunizantes da empresa no primeiro semestre, e não 14 milhões

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou ontem que o governo conseguiu antecipar a entrega de 1,5 milhão de doses de vacinas da Pfizer contra a covid-19 até junho. Com isso, a previsão inicial de 14 milhões foi superada e o país receberá 15,5 milhões de imunizantes da farmacêutica no primeiro semestre. A expectativa é que 1 milhão de doses cheguem ao país nos últimos dias deste mês.

Um dia após a criação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Senado para apurar a gestão do governo federal no combate à pandemia, o ministro atribuiu o feito às articulações do presidente Jair Bolsonaro junto a executivos da empresa.

“Uma boa notícia que é justamente a antecipação de doses da vacina Pfizer, fruto de uma ação direta do presidente da República, Jair Bolsonaro, com o executivo principal da Pfizer, que resulta em 15,5 milhões de doses da Pfizer já no mês de abril, maio e junho. Isso vai fortalecer o nosso calendário de vacinação”, disse Queiroga após reunião do comitê que discute ações de enfrentamento à pandemia.

Em agosto do ano passado, a Pfizer chegou a oferecer 70 milhões de doses ao Brasil. A expectativa era que as vacinas seriam entregues a partir de dezembro. Na ocasião, o governo recusou a oferta. Meses depois, já em 2021, foi fechado o contrato para a aquisição de 100 milhões de doses. A maior parte deve estar disponível só no segundo semestre.

Segundo Queiroga, os integrantes do comitê discutiram meios de aumentar insumos estratégicos, como os kits de intubação. “O governo federal fez compra direta e esperamos que nos próximos dez dias tenhamos um estoque regulador fortalecido para acabar com essa luta do dia a dia de dar suporte às secretarias estaduais e municipais”.

Outro integrante do comitê, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), admitiu que senadores têm resistência ao projeto que amplia participação da iniciativa na compra de vacinas. O texto que flexibiliza as regras para a aquisição de imunizantes pelas empresas foi aprovado na semana passada pela Câmara. “Estamos trabalhando, no diálogo, no colégio de líderes, para avaliar oportunidade de pauta deste projeto."

Durante a reunião, o parlamentar do DEM defendeu que Bolsonaro sancione o projeto que autoriza a aquisição e credenciamento de leitos de UTI com participação da iniciativa privada. Autor do texto, o deputado Dr. Luizinho (PP-RJ) participou da reunião do comitê no lugar do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Pacheco disse que “suplicou” ao ministro da Saúde para que atue junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para acelerar a aprovação da Sputnik V. O senador aproveitou o pronunciamento para passar um recado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, destacando a importância da reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) e do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Ele disse que os temas precisam ser "tratados com muito zelo" pela equipe econômica e garantiu que os textos terão apoio para avançar no Congresso Nacional.