Título: Acordo garante gás mais barato
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2005, Economia & Negócios, p. A18
Convênio determina que GNV para ônibus custará, no máximo, 55% do diesel por 10 anos
Folhapress
BRASÍLIA - A Petrobras assinou ontem convênio para estimular o uso de gás natural veicular (GNV) na frota de ônibus urbanos do país. Com o documento, assinado também pelos ministérios das Cidades e de Minas e Energia, a estatal dará garantia de preço aos transportadores que passarem a utilizar o combustível.
Segundo o diretor de Gás e Energia da empresa, Ildo Sauer, o contrato prevê que os preços do gás não irão ultrapassar 55% do preço do diesel durante o período de 10 anos. O programa de incentivo ao gás natural veicular também deverá incluir o transporte de carga.
O contrato de preço vai possibilitar, segundo o diretor, que as empresas consigam abater os custos de conversão dos motores dos veículos de diesel para GNV.
Hoje, cerca de 33% da frota de ônibus urbanos do país estão localizados em cidades já atendidas por redes de distribuição de gás, podendo potencialmente integrar o projeto. Essa frota considera não só os municípios atendidos por gasodutos, mas também aqueles distantes até 200 quilômetros de regiões distribuidoras do combustível.
A estatal estima que o consumo potencial do gás natural veicular com o transporte público urbano seja da ordem de 10,5 milhões de metros cúbicos por dia.
O prefeito de São Paulo, José Serra, estaria interessado, segundo Sauer, na conversão de 8 mil ônibus para uso de GNV. A capital paulista conta hoje com cerca de 80 ônibus ainda com tecnologia defasada operando experimentalmente com o combustível. Os ônibus movidos a GNV também já foram testados em Porto Alegre e Rio de Janeiro.
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, afirmou que a substituição do diesel pelo gás natural veicular contribui para a eficiência energética, reduzindo custos e diminuindo a emissão de poluentes.
- A utilização do gás natural melhora a qualidade do ar, da saúde da população e diminui os custos - disse.
Dilma e Sauer afirmaram ainda que a crise política na Bolívia, desencadeada com a renúncia do presidente Carlos Mesa, não afetará o abastecimento de gás da Petrobras.
- No momento não há expectativa de mudança. O contrato está em vigor. Nunca houve ameaça. O fornecimento de gás não está em questão - disse Sauer.
Ele afirmou que o aumento da taxação sobre o petróleo proposta pela oposição ao presidente Mesa não influencia os contratos de venda em vigor, pois referem-se à produção e não à venda.
- A Bolívia tem sido impecável no que se refere ao fornecimento de gás natural - enfatizou a ministra.
Dilma lembrou que o país vizinho passou recentemente por outros períodos de instabilidade - o próprio Mesa chegou ao poder depois da renúncia do antecessor - e o fornecimento de gás para a Petrobras jamais foi ameaçado.
Dilma e Sauer evitaram comentar uma possível chegada da oposição boliviana ao poder no país. Tanto a ministra, quanto o diretor da Petrobras, afirmaram que apenas o Ministério de Relações Exteriores do Brasil pode se pronunciar a respeito do assunto.