Título: Juros em alta provocam revisão do crescimento
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

Ipea reduz expectativa de expansão do PIB para 3,5%

A expectativa de um novo aumento dos juros básicos da economia (Selic) levou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a projetar uma taxa de crescimento mais baixa do Produto Interno Bruto (PIB), para 3,5% em 2005, ante a estimativa de dezembro, de 3,8%. O órgão, que é vinculado ao Ministério do Planejamento, prevê novo aumento do patamar dos juros em 2005, de uma média de 16,3% em 2004 para 18,3% em 2005. Tal tendência deverá afetar a demanda interna, a prometida alavanca da atividade econômica deste ano. Ainda na avaliação do Ipea, o setor externo também vai afetar o crescimento do país, o que, se confirmado, interromperá um ciclo de quatro anos de empurrão na economia. O Ipea prevê que a demanda estrangeira será responsável por um impacto negativo de 0,7 ponto percentual no resultado do PIB em 2005.

O Ipea divulgou ontem o Boletim Conjuntural, no qual revisa para baixo estimativas de aumento do consumo das famílias, do governo, bem como a trajetória da indústria e dos serviços. As projeções menos entusiasmadas refletem sobretudo o aperto da política monetária. Apesar disso, o Instituto avalia que a combinação do resultado externo com um aumento de 4,2 pontos percentuais da demanda interna resultará no aumento de 3,5% do PIB.

O diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Levy, avalia que a persistência dos núcleos de inflação em níveis elevados levará o Banco Central a um novo aumento da Selic agora em março.

- A partir de março, os juros deverão estacionar neste patamar elevado, na casa de 19%, para, em meados do ano começarem a cair, chegando à casa dos 17% em dezembro - afirmou o economista.