Título: Professores partem para a greve
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2005, Brasília, p. D5

Falta acordo sobre reajuste salarial, auxílio alimentação e eleição de diretores; confronto suspende as negociações

Mais uma vez, as escolas públicas do Distrito Federal pararam. Em assembléia na manhã de ontem, professores da rede do Distrito Federal decidiram iniciar a greve da categoria, por tempo indeterminado - ou até o governo apresentar uma proposta aceita pelo sindicato. A governadora em exercício Maria de Lourdes Abadia afirmou, na segunda-feira, que o governo suspenderia as negociações, caso os professores resolvessem pela greve. A decisão de paralisação foi tomada pela quase totalidade dos 4 mil professores presentes , que, admite o Sindicato representam 15% do quadro da rede de ensino. Esse número foi avaliado em uma reunião do GDF, que o considerou ''insignificante''. De acordo com o porta-voz do GDF, Paulo Fona, o ponto dos professores ausentes será cortado. A orientação para os alunos e seus pais, explicou, é comparecerem normalmente às escolas.

Na assembléia, o representante do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) foi aplaudido quando afirmou que só se voltaria às aulas se o governo oferecer o reajuste imediato de 18%.

- Esse aumento de 17% que eles estão prometendo é falso. Na verdade, não é reajuste. Só uma compensação da defasagem dos anos anteriores, em que não tivemos aumento. Portanto, só encerraremos a greve caso haja reajuste - afirma o diretor de imprensa do sindicato, Antônio Lisboa.

Com relação ao reajuste, o GDF disse que só dará os 17% em 2005 e mais 15% em 2006, como previsto no Plano de Carreira, além de 0,1% correspondente ao aumento do funcionalismo público estabelecido pela União. Também sem contraproposta do GDF está a reivindicação de aumento do auxílio-alimentação de R$ 99 para R$ 470. O governo diz que não pode arcar com gastos adicionais de R$ 127 bilhões por ano.

A cobrança de eleição direta para diretores das escolas não será atendida. O Governo alega que a proposta é inconstitucional, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. Porém, aceita criar uma comissão para definir novos critérios. Hoje a escolha é feita pelo governador.

O sindicato exige também um programa de moradia e plano de saúde para ativos e aposentados. Na reunião de segunda-feira do Sinpro com o governo, Maria de Lourdes Abadia pediu que o sindicato apresente uma proposta. Sobre o programa de habitação, prometeu rever a Lei 3.554/05, que trata da compra de imóveis para servidores públicos e, hoje, não contempla a categoria dos professores.

Uma exigência do sindicato já atendida foi o pagamento dos atrasados pendentes das greves anteriores de 1999 e 2002. Segundo o porta-voz Paulo Fona, foram repassados os R$ 11,5 milhões devidos aos professores ativos, inativos e aposentados. Foram pagos R$ 3 milhões na última sexta-feira e o restante segunda-feira.

Sinaliza também para um acordo a definição de regras para remoção, lotação e carga horária. Ficou decidido que o sindicato indicará cinco pessoas para integrarem uma comissão conjunta que definirá essas questões.

O ponto de contratação dos professores concursados ainda está controverso. O governo afirma ter atendido a reivindicação do Sindicato com a convocação, sexta-feira, de 300 docentes. Mas o Sinpro considera que esse número ainda é pequeno demais.

Ontem, o GDF evitou apresentar nova proposta para os professores, nem marcou nova reunião. O porta-voz avisa que continua valendo o que disse a governadora em exercício.

- O governo avisou ao sindicato que a suspensão das aulas representaria o final das negociações. Essa decisão ainda vale - diz Fona.