Correio Braziliense, n. 21.157, 28/04/2021, Cidades, p. 17

 

Expectativa por novas doses cresce no DF
Pedro Marra
Samara Schwingel
28/04/2021

 

 

 

Com a expectativa pela chegada de mais doses de vacinas contra a covid-19, pessoas com 60 e 61 anos do Distrito Federal — os próximos a entrar no grupo prioritário da campanha, segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI) — aguardam ansiosos pelo atendimento. Apesar disso, a Secretaria de Saúde (SES-DF) não recebeu sinal do Ministério da Saúde sobre quantas unidades deve receber na próxima remessa, da Pfizer/BioNTech, com previsão de entrega até o fim desta semana.

Dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) — usados no plano de vacinação elaborado pela SES-DF — mostram que há cerca de 50,5 mil pessoas nessa faixa etária: 26.002 com 60 anos, e 24.505 têm 61. A servidora pública aposentada Gláucia Sanbá Franco, 61, acredita que a imunização do grupo dela se aproxima. "Quero tomar logo a vacina para ver se a situação da minha saúde melhora um pouco. Tive uma dermatite por estresse em abril do ano passado. Tratei fazendo sessões de ioga, participando de grupos de comunhão espírita e fui melhorando aos poucos. (Depois de tomar as doses,) vou continuar com todos os cuidados contra o vírus", relata a moradora da Asa Norte.

Ontem, os integrantes do Comitê de Operacionalização da Vacinação do DF se reuniram para discutir os próximos passos da campanha. Na pauta, estavam temas como a abertura de cadastro para pessoas com comorbidades, o que deve ocorrer nesta semana e a aplicação do reforço apenas em quem recebeu a primeira dose (D1) no DF — tema que, segundo fontes da pasta, tem provocado indignação entre gestores de outras unidades da Federação. Até o fechamento desta edição, o encontro não havia terminado.

A conduta referente à segunda dose (D2) visa garantir que quem recebeu a primeira em Brasília não corra risco de ficar sem a imunização completa. A orientação começou a valer na semana, passada. Como o DF não usou as vacinas do reforço para atendimento de mais pessoas, a capital do país — que chegou a ficar em primeiro lugar em relação à porcentagem da população total imunizada com a D1 — caiu no ranking nacional e, ontem, ocupava a 13ª posição. Ainda assim, mais de 7% dos brasilienses receberam o reforço, o que coloca o Distrito Federal em segundo lugar na lista. Os dados são do portal Coronavírus Brasil.

A SES-DF deu início a um treinamento de militares que atuarão na campanha. Eles receberam instruções sobre o PNI, funcionamento da rede de frios e registro das doses recebidas na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). O interesse partiu do Exército Brasileiro, segundo integrantes da pasta, mas as atividades tiveram participação de médicos e enfermeiros das três forças armadas. Agora, os comandos articulam com o Executivo local a abertura de um drive-thru em frente ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), para atendimento da população-alvo. Até ontem, 421 mil brasilienses haviam recebido a primeira dose, e 235 mil, o reforço.

Tira-dúvidas

Quais as vacinas disponíveis no DF atualmente?

CoronaVac, vacina chinesa produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac; e Covishield, imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford com a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca e fabricado no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Quando a da Pfizer estará disponível?

A expectativa é de que mais de 500 mil doses sejam distribuídas entre as capitais do país a partir de amanhã.

Quais os efeitos colaterais dos imunizantes contra a covid-19?

As reações adversas mais comuns associadas a todos eles estão relacionadas a dor no local da aplicação e eventual processo alérgico. As mais raras incluem febre e hipersensibilidade. A forma mais segura de tomar uma vacina é informar, na triagem, qualquer condição de saúde ou alergia.

Se eu tiver alguma reação à vacina, o que devo fazer?

Deve dirigir-se à unidade de saúde mais próxima para avaliação de uma equipe médica.

Posso tomar mais de duas doses?

Ainda não há estudos finalizados sobre o que ocorre caso alguém tome mais de duas doses dos imunizantes. A recomendação em relação às vacinas que temos circulando no Brasil hoje é que receber apenas duas doses. As pesquisas vão dizer se será necessário reforçar a imunização dentro de alguns anos.

A segunda dose perde o efeito se eu recebê-la após a data prevista?

Não. Ela pode ser tomada mesmo após o prazo, mas, quanto mais tempo a pessoa estiver sem o reforço, mais tempo ficará exposta, pois a imunização só ocorre com a aplicação das duas doses. Com uma apenas, não se alcança o efeito máximo.

A população pode escolher qual vacina quer tomar?

A disponibilização das vacinas ocorre de acordo com a chegada de doses. Sendo assim, não é possível afirmar quais tipos serão aplicados em cada grupo.