Título: Cidade Digital no pólo de cinema
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 09/03/2005, Brasília, p. D5

Alternativa está em estudos, para o caso de não ser autorizada a área original

O Pólo de Cinema e Vídeo Grande Otelo, localizado na área rural de Sobradinho, está entre as principais cartas na manga do GDF para abrigar a Cidade Digital. Em meio à polêmica que envolve o projeto, a área de aproximadamente 700 hectares seria uma alternativa caso a obra não possa ser realizada próxima à Granja do Torto. O futuro da Cidade Digital depende da aprovação, no Congresso, de um projeto de lei que amplia o Parque Nacional de Brasília em 16 mil hectares, mais de 50% em relação à área atual. O projeto de lei foi baseado no levantamento da poligonal do Parque realizado em 2002. Esse estudo não incluiu a área da Cidade Digital, o que reacende a polêmica e dificulta a liberação das licenças ambientais de ocupação.

Para o secretário de Desenvolvimento Tecnológico, Izalci Lucas, o impasse prejudica o desenvolvimento econômico do DF. O secretário afirma que o GDF já contratou uma empresa para realizar o levantamento de impacto da Cidade Digital no meio-ambiente. O relatório deve ficar pronto em junho.

Izalci Lucas se diz otimista quanto à aprovação do projeto. Embora admita que o Pólo de Cinema e Vídeo seja uma forte opção, o secretário acredita que a Cidade Digital será mesmo erguida próxima ao Torto:

- Queremos pacificar essa questão com o projeto de lei. O GDF espera que o aumento da área do Parque possa resolver essas picuinhas - afirma.

Segundo ele, a ocupação da área de 120 hectares não traria danos ao meio-ambiente, pelo estado de degradação e pela proximidade com as pistas de acesso à Granja do Torto e Sobradinho. Para Izalci, não há dúvidas de que a área é a mais apropriada para abrigar a Cidade Digital.

- Não há necessidade de buscar outras alternativas. Já está tudo pronto, com as ruas e lotes definidos de acordo com a área. São anos pensando nos tipos de empresas, na localização, na infra-estrutura. Não queremos começar tudo de novo, mas a área do Pólo não está descartada - defende.

O projeto da Cidade Digital é ambicioso. Estão previstas 2 mil empresas para a empreitada, que deve gerar cerca de 20 mil empregos e atrair mais de R$ 1 bilhão em investimentos.

Embora não seja descartada, a mudança de sede para o Pólo de Cinema e Vídeo poderia prejudicar um dos principais interessados no projeto. O Banco do Brasil deve investir cerca de R$ 700 milhões na Cidade Digital, para incluir lá o espelho de seu Complexo de Tecnologia. O ideal é que a área seja próxima ao complexo já existente, na 916 norte.

Para Izalci Lucas, viabilizar economicamente a Cidade Digital é um forte motivo para que a mesma seja erguida nas proximidades da Granja do Torto. Enquanto o projeto de lei não é aprovado no Congresso, a classe cinematográfica especula sobre os benefícios da mudança.