Título: Picciani responde a acusações
Autor: Marco Antônio Martins
Fonte: Jornal do Brasil, 10/03/2005, País, p. A6

Em um discurso de cerca de 15 minutos, o presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Jorge Picciani (PMDB), admitiu ontem ter sido sócio do auditor fiscal Arnaldo Carvalho da Costa, preso há 14 dias como um dos responsáveis pela fraude de R$ 3 bilhões que teria sido cometida por 13 auditores fiscais do INSS no Rio. Mas negou ligação com os crimes. - Qual o crime em ser padrinho de uma criança? Mantive durante muitos anos amizade com o fiscal, mas os procuradores federais vêm afirmando diariamente que não existe nenhum indício que me vincule às fraudes - disse.

Picciani alegou não haver problema em ter sido sócio de Arnaldo nem em ser padrinho de seu filho. Em seu pronunciamento, o deputado disse que declararia todo o seu patrimônio e que não teme a investigação:

- Não sei o que é ter medo. Fui forjado na luta.

Apesar da sociedade de quase seis anos em uma fazenda em Rio das Flores e de ter vendido para o fiscal uma casa em Búzios, em 1995, Picciani diz que não tinha como saber da conduta de Arnaldo.

- Quero desafiar os procuradores federais, o superintendente do INSS do Rio, qualquer membro desse parlamento que possa conseguir o mais tênue indício do meu envolvimento com fraudes no INSS.

Depois do discurso de 15 minutos, seguiu-se uma longa procissão de quase duas horas em que 25 deputados foram ao microfone fazer questão de dizer que estava ao lado do presidente. Dos 10 partidos com mais de um deputado na Casa, apenas o PT não deu apoio irrestrito a Picciani.

- Estamos preocupados com a situação. Existem questões que devem ser apuradas em nome da Alerj. Por isso, pedimos esclarecimentos ao TRE, à Polícia Federal e à Mesa Diretora da Casa - explicou a líder do PT, Inês Pandeló.