Título: Varig sob pressão da BR
Autor: Gisele Saporito
Fonte: Jornal do Brasil, 10/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

Por mais que a equipe econômica admita promover um grande encontro de contas com a Varig, que reclama R$ 2,5 bilhões do governo na Justiça, a companhia aérea deverá ganhar um fôlego de apenas um ano para operar em condições operacionais satisfatórias. Mesmo com a interferência do ministro da Defesa e vice-presidente, José Alencar, a Petrobras Distribuidora (BR) - um dos credores - não deverá aceitar ampliar em 20 dias o prazo para desconto dos R$ 3 milhões pagos por dia pelo combustível utilizado pelas aeronaves.

Um graduado executivo de um dos credores da Varig afirma que, depois do encontro de contas, sobrariam cerca de R$ 600 milhões nos cofres da companhia. Embora a diretoria da Varig negue, a dívida total da empresa chega a R$ 9,4 bi.

Ontem, um dia depois de se reunir com José Alencar e ouvir o pedido em favor da companhia, não houve comunicado da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, à diretoria da BR. Tal fato foi interpretado como uma prova de que a solução para a empresa deverá passar pela Lei de Falências.

- Há pelo menos dois anos não ocorre qualquer contato direto da Varig com a BR. Esses entendimentos são todos por Brasília - afirma um graduado executivo da Petrobras.

Ao todo, a Varig deve R$ 70 milhões para a BR. Todo mês, a companhia deposita R$ 4,7 milhões para saldar o compromisso. Há dois anos o débito chegava a R$ 160 milhões.

Hoje, José Alencar participa, na Câmara dos Deputados, da audiência pública sobre a empresa. O advogado Jorge Lobo representará a Associação dos Funcionários da Varig.