Título: Números da eficiência incontestável
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 13/03/2005, Internacional, p. A9

Usuários de drogas injetáveis estão no centro do debate sobre a disseminação da Aids. No ano passado, 80% dos casos da doença na Rússia tiveram relação com a dependência. Na Malásia, na China, no Vietnã e na Ucrânia, viciados em drogas injetáveis contam mais de 50% dos casos de Aids. À medida que uma ampla população de usuários se contamina, a epidemia se expande por sexo não-protegido com quem não é dependente.

Nos Estados Unidos, mais de 1 milhão de pessoas injetam drogas freqüentemente e a estimativa é a de que pelo menos 50% dos novos casos de Aids estejam entre os dependentes. Para as mulheres, 61% dos novos casos da doença são resultado de seringas contaminadas ou sexo não-protegido com usuários de drogas injetáveis. O mesmo problema é responsável por mais da metade de todas as crianças nascidas com o HIV.

- Nós somos uma fundação independente do governo americano. No entanto, a posição dos EUA nos afeta na hora de conseguirmos financiamento. Pois quando a ONU ou Washington não dá aval formal aos programas, temos mais dificuldades para convencer o financiador, que normalmente já tem resistência a um tratamento deste tipo- contou, ao JB, Kassia Malynowska, diretora do departamento de redução de danos da organização Open Society, que tem 200 clínicas operando com a prática no Leste Europeu.

Um estudo em 81 cidades em todo o mundo comparou taxas de infecção de Aids entre os usuários de drogas injetáveis. Nas 52 cidades que não possuem programas de redução de danos, os índices de infecção cresceram 5.9% por ano, na média. Em 29 cidades com o tratamento, a contaminação decresceu 5.8% ao ano.

- A rejeição americana não causa tanto impacto em nós, mas sim nas pessoas que estão na linha de frente do tratamento - afirma Malynowska. - Essa terrível posição dos Estados Unidos na questão enfraquece o apoio e a ajuda às pessoas que mais precisam.