Correio Braziliense, n. 21151, 22/04/2021. Brasil, p. 6

 

Saúde vai avaliar coquetel

22/04/2021

 

 

Apesar de aprovado por unanimidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso emergencial do coquetel contra a covid-19 nos hospitais públicos brasileiros ainda não está certo. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, explicou que o medicamento será avaliado pela pasta antes de ser incluído no Sistema Único de Saúde (SUS).

"A Anvisa é um tipo de avaliação, é a avaliação de ingresso. A avaliação de incorporação é outro tipo. São escopos distintos", esclareceu Queiroga. "É um medicamento novo, ainda precisamos saber mais", disse. Segundo o ministro, mesmo com o uso emergencial aprovado pela Anvisa, o coquetel antiviral precisa passar pelo crivo da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

O ministro ressaltou que, apesar de estudos indicarem que a aplicação do coquetel na fase inicial da covid-19 reduz em 70% o risco de internação e óbito, sobretudo de pacientes com comorbidades, ainda há questionamentos sobre a eficácia do medicamento. Segundo Marcelo Queiroga, há dúvidas, por exemplo, se o coquetel pode contribuir com o desenvolvimento de novas cepas do coronavírus.

Além disso, a Conitec deve avaliar o impacto orçamentário do coquetel. O medicamento chega a custar US$ 3 mil. "Precisa haver um estudo entre o preço colocado, o resultado que é prometido e o resultado que é obtido. Se não, não tem sustentabilidade", frisou o ministro.

A Conitec tem uma reunião marcada para o próximo dia 5 e pode levar até 180 dias para avaliar a incorporação de um medicamento no SUS. Queiroga disse, no entanto, que esses prazos podem ser encurtados.
Ele garantiu ainda que, se tiver a aprovação da Conitec, o coquetel poderá ser incorporado ao SUS bem como à rede de saúde suplementar. Contudo, a farmacêutica Roche, fabricante do coquetel, sinalizou que vai priorizar o governo federal nas vendas do medicamento.