Correio Braziliense, n. 21151, 22/04/2021. Cidades, p. 17

 

Feriado com aglomeração

Pedro Marra

22/04/2021

 

 

CORONA VÍRUS » Mesmo com a medida de distanciamento social, locais como a orla da Ponte JK e o Parque da Cidade tiveram pessoas sem máscara e aglomeração em pontos específicos

Os brasilienses aproveitaram o feriado do aniversário de 61 anos de Brasília para fazer aglomeração em vários pontos da cidade. Ontem, de manhã e à tarde, locais de lazer como a orla da Ponte JK e em alguns pontos do Parque da Cidade ficaram repletos de pessoas. O comércio, por sua vez, teve ruas vazias e baixo movimento de clientes durante o feriado, com poucas exceções. A reportagem percorreu os locais para conferir a circulação de pessoas em mais uma data especial desta pandemia da covid-19 no DF.

Vindo de Águas Claras, a professora de computação do CEUB, Gislane Santana, 57 anos, passeava com a esposa de moto perto da orla da Ponte JK, onde optou por ficarem distante da maioria. "Vim para aproveitar o dia, ficando mais afastado dos demais, respeitando o isolamento social. Onde tem muita aglomeração a gente não fica, porque estamos nos prevenindo contra a doença. A gente tenta se cuidar ao máximo, mesmo com espaço aberto. Eu tenho só trabalhado de home office, então saí para espairecer a cabeça também", opina a professora.

A moradora de São Sebastião, Thaís Novais, 27, foi pela primeira vez à Orla da Ponte JK nesta pandemia. Ela chegou às 11h com a família para aproveitar o feriado. "A gente veio só para passear. Estamos com álcool em gel, máscara conosco e tentando manter o distanciamento das outras pessoas, porque tem algumas sem máscara. Mesmo assim, é uma opção de lazer para a gente", opina Thaís.

Os advogados Vinícius Martins, 32, e Ricardo Rodrigues, 31, chegaram ao local às 9h30 para pescar e andar de caiaque, mas logo se distanciaram das outras pessoas por medo de se infectarem com o novo coronavírus. "É necessário a gente se prevenir, utilizar o álcool em gel e a máscara, principalmente quando estiver próximo do outro. Mas, por outro lado, estar numa coletividade é importante para a mente, assim como praticar atividades físicas, respeitando os limites necessários da pandemia. Eu, particularmente, não me aglomero em festas, mas se eu trago a minha comida e bebida de forma segura, jogo as coisas na lixeira e vou embora. Vejo que fazendo assim é tranquilo", comenta Vinícius, morador da Asa Norte. "Se a gente conseguir manter o distanciamento social mínimo, a chance de transmissão do vírus é menor,"acrescenta Ricardo, que mora no Jardim Botânico.

O casal Graciele Silva, 25, e Geferson Gonçalves, 38, veio de longe para fazer um piquenique no Parque da Cidade. Moradores de Brazlândia, os dois aproveitaram o dia para ler no gramado perto do lago principal, conforme conta a auxiliar administrativa. "O Parque é bom porque há como manter o distanciamento social, e as pessoas podem ficar em cada lugar. Eu, como curso letras, aproveito para estudar o conteúdo do meu curso", opina Graciele.

"A gente viu que estava mais cheio perto do parque Nicolândia. Quando chegamos, estava lotado de carros na porta, e imaginamos que estaria entupido. Mas nessa parte mais afastada conseguimos ficar mais seguros. A gente sempre traz álcool em gel e usamos máscara. Viemos há dez dias e fizemos a mesma coisa", afirma Geferson.

Comércio com baixo movimento

Autorizados a funcionar no feriado das 13h às 21h, segundo orientação do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), comerciantes de rua, como a gerente da Panificadora Pepita, na 103 Norte, Maria Ivanildes Lima da Silva, 45, aproveitaram as vendas com o público fiel para salvar as finanças. "Ao longo do dia, passaram mais de 300 pessoas pela loja. Estou até surpresa porque, no fim da tarde, nem pareceu feriado. As pessoas vieram mais para comprar bebidas, pães e outros produtos. Trabalhamos só com a venda presencial, então as pessoas costumam comprar mais coisas com antecedência para aproveitar mais o dia em casa. Apesar disso, tivemos um bom movimento", analisa a comerciante.

Uma das clientes que comprou na loja foi a fisioterapeuta Letícia Narciso, 45, moradora da 312 Norte. No início da tarde, ela foi à padaria comprar salgados para o próprio aniversário, comemorado no dia 22 (hoje). "Sempre tive problemas com poucas coisas abertas neste feriado. Nunca consegui pegar nada aberto para pegar a encomenda no dia. É a primeira vez que encomendo aqui por indicação. Dei uma volta aqui pelo Plano e vi mais coisa aberta do que eu esperava. Consegui vir aqui na panificadora por indicação", explica a cliente.