Título: Governo quer aumentar diálogo
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 14/03/2005, País, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia a reforma ministerial esta semana de olho na ampliação da base de sustentação do governo no Congresso Nacional e no fortalecimento da coordenação política dentro do Palácio do Planalto. Ontem, em jantar na Granja do Torto para fechar os últimos nomes da reforma, Lula reuniu o chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, o secretário de Comunicação e Gestão Estratégica Luiz Gushiken e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Segundo um governador próximo ao presidente Lula, a reforma ministerial deve fortalecer a posição do chefe da Casa Civil, José Dirceu, dentro do governo. Isto pode significar a transferência do atual ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, para outra área do Executivo. O nome de Aldo já foi cogitado para ocupar a pasta dos Esportes e até a da Defesa.

Para os articuladores do governo, já baixou a poeira do escândalo envolvendo um dos principais auxiliares de Dirceu, o subchefe para Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, que foi filmado pedindo propina ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. Com isso, seria hora de Dirceu sair da posição reservada que assumiu desde então.

- A reforma deve redimensioná-lo no governo - afirma o governador.

Lula ficou convencido de que precisa fortalecer a área política após a eleição da Câmara dos Deputados, quando os dois candidatos do PT foram derrotados por Severino Cavalcanti (PP-PE), em uma vitória do chamado baixo clero, parlamentares considerados sem expressão política.

Segundo o governador, o mais importante não são os nomes escolhidos, mas a ''rearrumação partidária''. A eleição na Câmara é vista por parcela da cúpula petista como ''resultado natural'' desta desarrumação dos partidos.

Uma das idéias discutidas dentro do PT durante a reforma é o aumento dos contatos da Casa Civil com parlamentares, e dos ministérios com o Congresso. Deputados e senadores de várias siglas têm reclamado da falta de atenção do governo Lula com a Câmara e o Senado. Os nomes escolhidos por Lula, além da ampliação da base do governo no Congresso, são de ministros com maior poder de articulação e comprometidos com a reforma política.

O presidente também pretende aumentar o número de inaugurações de obras até meados do ano que vem, quando começa a campanha pela reeleição. Na bolsa de apostas de Brasília, os ministérios com maiores chances de mudança são os das Cidades, Esportes, Saúde, Previdência, Planejamento, Coordenação Política e Defesa. Os únicos ministros insubstituíveis no governo seriam os da Fazenda, Antonio Palocci, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.