Título: Redução de danos
Autor: Catharina Epprecht
Fonte: Jornal do Brasil, 14/03/2005, Internacional, p. A7

A redução de danos é uma estratégia para lidar com usuários de drogas preocupada principalmente com a prevenção de doenças como a Aids ou hepatite C. O método prevê fornecimento de seringas e agulhas, e em alguns casos até mesmo de droga, aos usuários. Foi dentro desse contexto que o Brasil solicitou às Nações Unidas a inclusão do debate na Comissão de Narcóticos e Drogas.

Mas a relação da redução de danos com o tratamento da dependência química também começou a ser discutido na reunião, segundo Denise Doneda, assessora de Saúde Mental, Álcool e Outra Drogas, do Ministério da Saúde.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Redutores de Danos (Aborda), Domiciano Siqueira, as últimas pesquisas apontam que até 30% dos usuários ligados a programas de redução de danos expressam o desejo de parar de usar drogas e podem ser encaminhados a tratamentos para reabilitação.

- Esses programas procuram diminuir os prejuízos relacionados à utilização das drogas. São geralmente ligados a atitudes mais à esquerda e em muitos casos rejeitados por governos mais conservadores - explica o doutor Jorge Jaber, diretor da clínica de reabilitação homônima e presidente Associação Brasileira de Bebida e Drogas. - Cada vez mais, procura-se também tratamentos de redução de demanda.

Jaber diz que, embora não trabalhe com a redução de demanda em todos os pacientes de sua clínica, acredita que métodos conservadores demais podem ser problemáticos.

O exemplo dele é o da evasão de pacientes em grupos ''mais radicais'', como os Narcóticos Anônimos.

- Acredito que não se deve descartar, não se deve ser contrário a nenhuma das formas de ação, até porque do ponto de vista científico e clínico as opções de tratamento são muito limitadas - diz.