Título: Israel teria planos de atacar Irã
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 14/03/2005, Internacional, p. A9
Segundo o jornal Sunday Times, Exército já simula destruição de instalações nucleares
LONDRES - - Israel preparou planos para um ataque combinado por ar e terra contra instalações nucleares iranianas se a diplomacia não conseguir parar o programa nuclear de Teerã, publicou ontem o jornal britânico Sunday Times.
Segundo o diário, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, e seu gabinete deram a ''autorização inicial'' para o ataque unilateral contra o Irã durante uma reunião a portas fechadas no mês passado.
Ainda de acordo com o Sunday Times, autoridades dos Estados Unidos teriam indicado que não impediriam as ações.
''Se todos os esforços para persuadir o Irã a abrir mão de seus planos de produzir armas nucleares fracassarem, o governo dos Estados Unidos vai autorizar Israel a atacar'' revelou uma fonte de segurança israelense ao jornal.
No entanto, ao ser entrevistada ontem pelo canal ABC, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, afirmou que Washington não deu qualquer autorização para o ataque.
- O governo americano não vai autorizar nada e está claro que contamos com a via diplomática daqui para diante - explicou Rice.
Segundo o diário britânico, as táticas israelenses incluiriam unidades de elite e ataques com caças F-15, usando bombas que penetram na terra para destruir instalações subterrâneas. O Exército israelense já estaria simulando ataques contra modelos da usina de enriquecimento de urânio nos últimos meses.
Ao ser procurado, o deputado trabalhista israelense Efraim Sné, brigadeiro da reserva das Forças Armadas, não desmentiu a reportagem. Sné declarou que Israel não aceitará que a República Islâmica do Irã, seu potencial principal inimigo, possua armas atômicas e corroborou que uma suposta operação militar ''seria uma última saída''.
Em 1981, caças israelenses bombardearam o reator nuclear iraquiano em Osirak para evitar que fabricasse bombas atômicas.
Teerã afirma que o objetivo de suas atividades nucleares é apenas gerar eletricidade, mas Washington e a União Européia suspeitam que o país possa usar o programa para produzir bombas atômicas.
Sobre a reportagem, o governo afirmou estar preparado para confrontar qualquer ameaça para proteger suas instalações nucleares.
- Vamos nos defender com toda a nossa força e estamos prontos para responder a qualquer possível agressão - reafirmou o ministro da Defesa, Ali Shamkhani, à agência de notícias iraniana Insa.
Em janeiro, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, chegou a dizer que Israel poderia atacar o Irã se ''estiver convencido de que os iranianos têm capacidade nuclear significativa''.
Na sexta-feira, Washington deu apoio prático à aproximação diplomática promovida pela UE, oferecendo ao Irã iniciar negociações para adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC), além de permitir a compra de peças para aviação civil, caso o governo suspenda todas as atividades que possam produzir combustível nuclear ou armas atômicas.
Ontem, uma autoridade de alto escalão de Teerã disse que Washington está tendo ''alucinações'' se pensa que o país vai abandonar suas ambições nucleares em troca de incentivos econômicos.
- Definitivamente, os membros do governo dos Estados Unidos não estão a par do conteúdo das negociações - concluiu Sirus Naseri, membro graduado da equipe de negociação nuclear do Irã à agência de notícias oficial Irna.