O Estado de São Paulo, n. 46830, 04/01/2022. Política, p. A6

Bolsonaro é internado pela segunda vez em seis meses
04/01/2022



Obstrução intestinal Equipe médica deve definir hoje necessidade de nova cirurgia

O presidente Jair Bolsonaro foi internado em SP com novo quadro de obstrução intestinal na madrugada de ontem, dia em que voltaria a Brasília após um período de férias. Em julho de 2021, ele havia sido internado com o mesmo problema. No Twitter, Bolsonaro publicou foto no leito hospitalar e relatou que sentiu desconforto abdominal após o almoço de domingo, em São Francisco do Sul (SC). A equipe do Hospital Vila Nova Star vai definir hoje se o presidente terá de passar por mais uma cirurgia – foram seis desde a facada sofrida na campanha de 2018. "A decisão se (Bolsonaro) vai ser operado ou não depende de um exame clínico criterioso", disse o médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que estava fora do País.

"Mais exames serão feitos para possível cirurgia de obstrução na região abdominal" Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro foi internado com novo quadro de obstrução intestinal na madrugada de ontem em São Paulo. A equipe médica do Hospital Vila Nova Star, na zona sul da capital, vai definir hoje se o presidente terá de passar por mais uma cirurgia – foram seis desde a facada sofrida na campanha de 2018. Não há previsão de alta.

Pelas redes sociais, Bolsonaro relatou que sentiu um desconforto abdominal anteontem, em São Francisco do Sul (SC), onde passava férias desde o dia 27. A previsão era voltar a Brasília ontem mesmo, mas a opção foi deixar o litoral catarinense de helicóptero em direção a Joinville ainda de madrugada. De lá, embarcou para São Paulo e, após passar por exames, foi diagnosticada nova obstrução intestinal.

"Comecei a passar mal após o almoço de domingo. Cheguei ao hospital às 3h de hoje (ontem). Me colocaram sonda nasogástrica (para alimentação). Mais exames serão feitos para possível cirurgia de obstrução interna na região abdominal", escreveu Bolsonaro no Twitter. Em uma foto divulgada com a publicação, o presidente aparece na cama do hospital fazendo gesto positivo e já usando a sonda.

EXAMES. Ao Estadão/broadcast Político, o médico-cirurgião de Bolsonaro, Antônio Luiz Macedo, afirmou que decidirá hoje se o tratamento incluirá uma nova cirurgia após realizar um exame clínico criterioso. "A decisão se (Bolsonaro) vai ser operado ou não depende de um exame clínico criterioso por parte do cirurgião. Não é uma tomografia que vai dizer se vai ser operado, hemograma, PCR, nada disso. É o exame clínico adequado por parte do cirurgião", disse o médico, por meio de um áudio enviado à reportagem pelo Whatsapp.

De acordo com Macedo, outros médicos do Vila Nova Star já examinaram o presidente e avaliaram que talvez a cirurgia não seja necessária. "Mas, eu chegando, vou direto ao hospital, vou examinar direitinho e ver se há necessidade de operação ou não", acrescentou.

Conforme o boletim médico divulgado ontem à noite, Bolsonaro apresentou "melhora clínica" após a passagem da sonda nasogástrica. O texto informava que o presidente não tinha "febre ou dor abdominal" e que ainda não havia "avaliação definitiva quanto à necessidade de intervenção cirúrgica".

Segundo fontes do hospital ouvidas pelo Estadão, os médicos estão tentando evitar ao máximo uma nova cirurgia porque o abdome de Bolsonaro já sofreu importantes intervenções anteriormente. O presidente ficou com herniações que limitam a mobilidade do intestino. Elas precisam, de fato, ser avaliadas por Macedo, que o operou anteriormente.

O médico chegaria à capital paulista por volta das 2h de hoje. Ele também teve as férias interrompidas – estava nas Bahamas – e não aceitou voltar em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). "Jamais iria gastar dinheiro do governo brasileiro utilizando avião da FAB", afirmou, ressaltando que vai usar uma aeronave de propriedade da Rede D'OR, dona do hospital. TRATAMENTO. Por enquanto, Bolsonaro segue em tratamento clínico, com uso de analgésicos, sonda nasogástrica e alimentação por soro. O objetivo é esvaziar o estômago e o intestino para que o órgão possa descansar. Em julho do ano passado, o presidente deu entrada na mesma unidade com sintomas parecidos (veja quadro). Na época, ele seria operado, mas o intestino voltou a funcionar durante a internação. Em geral, os médicos esperam cerca de dois dias para ver se o órgão faz esse movimento. Quando isso não ocorre, é preciso operar o paciente.

Translado Presidente deixou litoral catarinense e chegou a São Paulo na madrugada de ontem