Título: BNDES quer 'rito sumário' em crédito
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 11/03/2005, Economia & Negócios, p. A20

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encerra no fim deste mês estudos para agilizar e flexibilizar o acesso ao crédito por parte de grandes empresas. A idéia é criar mecanismos que reduzam o período entre o enquadramento e a contratação do financiamento, que pode lavar até cinco meses.

De acordo com o diretor de Planejamento do banco, Antônio Barros de Castro, um grupo de estudos está avaliando a aplicação de uma análise sumária de empresas de grande porte que requerem financiamento. Por já terem seus riscos avaliados, teriam acesso ao crédito mais rapidamente.

- Esta facilidade seria voltada principalmente para projetos de expansão - explica o executivo.

Ele ressaltou, porém, que não se trata de uma aprovação automática de crédito. Atualmente, nas operações diretas, o banco dá prazo de até 30 dias para enquadramento do pedido, outros 60 dias para análise e até mais 60 dias para a contratação. Segundo Castro, a iniciativa vai reduzir críticas sobre a demora na aprovação de financiamento.

Já em relação ao limite de financiamento para grandes corporações, ditado pelo Acordo de Basiléia, o banco estuda três alternativas para resolver o impasse: manter a criação das Sociedades de Propósito Específico (SPEs), aumentar o patrimônio do banco ou reduzir o aporte da instituição, que poderia passar de 60% para 40%. Hoje, o patrimônio de referência do BNDES é de R$ 22 bilhões, dos quais apenas R$ 5 bi podem ser emprestados.

Quanto ao aumento de capital do banco, Castro diz que a diretoria deve manter a linha da gestão anterior, de incorporar lucro.

- Movimentos mais pesados, como aportar capital, não estão previstos a curto prazo - adianta o diretor.

Castro disse, ainda, que o BNDES tem outro grupo de estudo em torno das questões do spread da instituição e estão sendo levados em conta benefícios e punições.

- Não podemos beneficiar muito, mas, por outro lado, se aumentamos a punição, corremos o risco de perder empresas para outros financiadores - comenta.

Em palestra na Câmara de Comércio Americana, Castro disse que, dos R$ 60 bi destinados para crédito este ano, 70% já estão distribuídos para enquadramento, análise ou contratação.