Título: Há meses, a politização da saúde
Autor: Sérgio Pardellas e Sérgio Prado
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2005, País, p. A2

O cabo de guerra em que se tornou a saúde pública no Rio começou ainda durante a campanha eleitoral ano passado. A crise do setor foi o calcanhar de Aquiles do prefeito. Amparado por uma altíssima aprovação à sua administração, Cesar Maia aproveitava para pôr a culpa no governo federal.

Assim que venceu a eleição, e já como virtual candidato a presidente da República pelo PFL, Cesar ameaçou devolver à União os hospitais federais sob gestão municipal. O prefeito exigiu R$ 100 milhões para manter as unidades em seu poder. No primeiro dia de trabalho, Cesar anunciou a intenção de interromper a substituição de servidores federais que se aposentassem nos hospitais municipalizados.

A idéia de devolver os hospitais, contudo, foi barrada pela Justiça. O prefeito chegou a baixar um decreto em que determinava o cancelamento da municipalização, mas o Judiciário jogou água nos planos de Cesar.

Os meses se passaram e, em meio a bate-boca, a crise se agravou. No último dia 3, Humberto Costa esteve no Rio para reunião com o prefeito. O ministro ameaçou reduzir os repasses de recursos do SUS e até transferir para o estado parte dos hospitais cariocas. Nego que planejasse uma intervenção e sentenciou: