Título: Ricos são maioria nas universidades públicas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2005, País, p. A9
BRASÍLIA - A segunda edição da pesquisa que traçou o perfil dos alunos de graduação das instituições federais do país mostrou que o Brasil ainda não conseguiu inverter uma de suas maiores distorções do ensino: o domínio das vagas nas universidades públicas peles filhos das famílias de maior renda. O levantamento revela que 57% dos estudantes das instituições federais pertencem às classes A e B, com renda média familiar entre R$ 1.669 e R$ 7.793. O índice de alunos das universidades federais que pagaram pelo ensino médio - total ou em sua maior parte- também é alto - são 52,9%, conforme pesquisa divulgada ontem.
O estudo foi realizado com 33.958 estudantes matriculados entre 2003 e 2004 em 47 instituições federais de ensino. Comparado aos dados da primeira edição, coletados entre 1996 e 1997, os resultados mostram que o país evoluiu pouco no combate à exclusão. Naquela época, alunos das classes A e B somavam 56% do total.
No documento, os coordenadores da pesquisa afirmam que 65% dos alunos são de famílias com renda entre R$ 207 e R$ 1.669 (classes B2, C, D e E) e estariam em situação ''vulnerável'', necessitando de algum tipo de apoio financeiro para permanecer até a conclusão do curso. As três classes mais baixas, C, D e E (com renda familiar média de R$ 207 até R$ 927), são responsáveis por cerca de 43% dos estudantes matriculados. O índice não se alterou desde a pesquisa anterior.
O levantamento mostrou ainda a quantidade de alunos trabalhando caiu. Em 1997, eram 42%. Atualmente, são 35%. A pesquisa não conclui se a queda se deu por causa do aumento do desemprego ou se houve melhoria da renda da família.