Título: Linha dura para o asseio já vale para restaurante
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2005, Brasília, p. D5

Proprietários alegam desinformação sobre norma que entra hoje em vigor

Seis meses depois de sua assinatura, entra em vigor hoje a resolução nº 216 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabelece regras rígidas de higiene no trato dos alimentos. A Anvisa garante que a intenção não é punir, mas educar e informar os funcionários do setor. Embora passe a funcionar na prática, a norma continua sendo motivo de dúvidas entre aqueles que lidam direta ou indiretamente com os alimentos. De acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), a maioria dos pequenos estabelecimentos do Distrito Federal nunca ouviu falar ou não tem conhecimento exato das exigências da resolução. O presidente do sindicato, César Gonçalves, declarou que cerca de 6 milhões de trabalhadores de todo o Brasil perderão o emprego caso as normas sejam aplicadas com veemência.

Na véspera da resolução entrar em vigor, muita gente ainda não sabia exatamente o que a Anvisa passaria a exigir. Gislei Alves Machado, gerente de um restaurante no Venâncio 2000, era uma das que ainda tinha muitas dúvidas sobre a questão. Gislei não sabia quais seriam as novas regras, mas garantiu seguir as tradicionais exigências da vigilância sanitária:

- Não recebemos nenhuma cartilha ou orientação. Esperamos que ainda passem por aqui, porque é essencial informar quem trabalha no setor sobre o que vai mudar - afirmou a gerente.

A Anvisa passa a exigir, entre outras coisas, que todos os manipuladores de alimentos tenham cursos de capacitação. A resolução também traz uma série de regras de asseio, tanto dos empregados quanto dos estabelecimentos. Agora é norma, por exemplo, que os restaurantes tenham áreas separadas para cada etapa da preparação dos alimentos.

- Procuramos seguir todas as regras, mas sempre há detalhes que não são bem divulgados. A gente vai tentar se adequar, mas com certeza não temos estrutura para cumprir 100% - diz Gislei Machado.

Segundo o gerente geral de alimentos da Anvisa, Cléber Ferreira dos Santos, os comerciantes não precisam ficar tão temerosos. Cléber afirma que o caráter da ação não é o de punir, mas sim de educar:

- Orientamos a vigilância sanitária a não fazer um trabalho rígido logo de início. A inspeção deve ser muito mais educativa, pelo menos nesse primeiro momento. As autuações serão mais intensas só nos casos mais drásticos, que envolvem risco potencial à saúde do consumidor - garante César Ferreira dos Santos.