Título: Greve não pára as escolas públicas
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 10/03/2005, Brasília, p. D5

Sindicato afirma que 65% dos professores aderiram; segundo o governo, proporção não passou da faixa entre 5% e 8%

Início de greve tranqüilo na rede pública do Distrito Federal. Muitas escolas tiveram aulas normalmente, sem piquetes e sem manifestações de professores e sindicalistas. Mesmo nas escolas que tiveram paralisação, houveprofessores que deram aulas. O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) passou então a prometer uma paralisação bem maior para hoje. No Centro de Ensino Médio Elefante Branco, 50% dos professores suspenderam as aulas, segundo o diretor da escola. A presença dos professores da escola na assembléia regional do Plano Piloto foi pequena. Representantes do Sinpro explicava para não mais do que 40 docentes a importância de aderir à paralisação e tentavam convencê-los a pararem as atividades.

Por enquanto, os dirigentes do Sindicato explicam que o movimento está sendo apenas de conscientização. Hoje, iniciarão os piquetes. Na avaliação do sindicato, que passou ontem o dia percorrendo as escolas, a adesão dos professores foi de 65% e será maior a partir de hoje.

- Fizemos um trabalho de convencimento. Quase todos os professores entenderam e resolverem entrar em greve, pois a maior mobilização trará mais resultados - afirma o diretor de imprensa do Sinpro, Antônio Lisboa.

O sindicato continua reivindicando reajuste de 18%, aumento do auxílio-alimentação de R$ 99 para R$ 470, pagamento de atrasados pendentes das greves de 1999 e 2002, criação de plano de saúde extensivo para toda a categoria incluindo ativos, inativos e aposentados, criação de Programa Habitacional para os docentes, eleição direta de diretores, convocação de concursados e definição de regras para remoção, lotação e fixação de carga horária.

Mantendo a posição de não negociar com grevistas, o GDF continua com a posição de dar apenas o reajuste de 17% previsto no Plano de Carreira, não aumentar o vale-alimentação, esperar que o sindicato apresente a proposta de um plano saúde, rever a Lei 3.554/05, que trata da compra de imóveis para servidores públicos e não contempla os professores, criar uma comissão para definir novos critérios para eleições de diretores nas escolas e esperar indicação de cinco pessoas pelo sindicato para integrarem uma comissão conjunta para discutir as questões de remoção, lotação e fixação de carga horária.

Já existe acordo a respeito de questões como o pagamento dos atrasados com o depósito de R$ 11,5 milhões na conta dos professores e a convocação de 300 concursados no último sábado.

O porta-voz do governo, Paulo Fona, afirma que a adesão dos professores à greve ficou entre 5 e 8% e mantém a posição do GDF.

- A adesão foi pequena, como já era nossa expectativa. Com dito antes, estamos cortando o ponto de todos os professores que faltam sem justificatica e só voltaremos a negociar quando o comando de greve decidir acabar a greve - afirma Fona.

Alunos - Estudantes do ensino médio resolveram aproveitar a mobilização da greve dos professores e fazer um movimento paralelo para pedir melhorias nas escolas do DF. Na manhã da próxima sexta-feira, realizam uma assembléia no Centro Educacional Gisno.

- Apoiamos os professores, mas também lutamos pelos nossos direitos. Chega de ver banheiros destruídos, falta de material giz e papel, professores dando aulas de duas disciplinas e salas de aula lotadas - afirma Kellen Oliveira, aluna do 2º ano.