Título: Museu é inaugurado em Israel
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/03/2005, Internacional, p. A9

Ministro de Relações Exteriores alemão recorda a responsabilidade de seu país

JERUSALÉM - O ministro de Relações Exteriores alemão, Joschka Fischer, declarou ontem que seu país não pode esquecer a responsabilidade na morte de 6 milhões de judeus durante o regime nazista, em declarações antes da cerimônia de inauguração do novo Museu Histórico do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém.

- Temos a obrigação histórica e moral de não esquecer.

O presidente do Estado de Israel, Moshé Kastav, foi o encarregado de cortar a fita inaugural. O ato precedeu a cerimônia que começou às 18h e teve a participação de dirigentes e delegações de mais de 40 países.

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, afirmou durante a solenidade que o país é ''a prova de que não haverá mais Holocausto''.

- Quando vocês saírem deste museu, verão o céu de Jerusalém. Sei o que um judeu sente ao respirar o ar de Jerusalém. Sente-se livre, em casa - disse.

Já o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, destacou que o genocídio ''ocupa um lugar único na História'' e lembrou que ''a matança sistemática de judeus'' foi responsável pela proclamação universal dos direitos humanos.

- É o pior dos infernos que a humanidade conheceu. Queremos recordar os horrores para que nunca mais ocorram no mundo - concluiu Annan.

O novo edifício que abriga o museu-memorial, localizado no monte Herzl de Jerusalém, é um prisma de cimento, obra do , arquiteto judeu Moshé Safdie. No interior da construção, um corredor triangular iluminado por luz natural recebe o visitante, que deve atravessá-lo em ziguezague para entrar em cada sala. Estão expostos objetos, fotografias e dispositivos tecnológicos que projetam cerca de 90 testemunhos de vítimas, numa tentativa de ''personalizar'' um dos períodos mais obscuros da história da Humanidade.

Há também uma recriação da principal rua do gueto de Varsóvia, símbolo do confinamento a que foram submetidos os judeus e da revolta protagonizada pela resistência em 1944. Postes de luz, paralelepípedos, trilhos de bonde e tampas de bueiros usados para a fuga foram levados.

Na sala dedicada aos campos de extermínio, os restos de um vagão de trem enferrujado são testemunha fiel das deportações de milhares de judeus a seus destinos.

Também ambienta o museu o quarto de uma família judia de Berlim e a foto que mostra os restos do massacre de Babi Yar, na Ucrânia, onde mais de 53 mil pessoas foram fuzilados entre 29 e 30 de setembro de 1941.

Além disso, 230 pinturas de artistas judeus, muitos deles descrevendo suas experiências nos campos de concentração, estão expostas.