Título: Abbas tenta ampliar cessar-fogo
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/03/2005, Internacional, p. A9
Presidente se reúne com militantes
CAIRO - O líder palestino Mahmoud Abbas tentou persuadir grupos militantes ontem a ampliar o cessar-fogo informal com Israel, mas militantes disseram que qualquer trégua depende do que Israel terá para oferecer.
O grupo militante Hamas e Jihad Islâmica pediram um calendário para a retirada das tropas israelenses e a libertação de prisioneiros como parte das exigências para que se respeite um acordo de suspensão de ataques, possivelmente por três meses.
Na abertura do encontro com uma dezena de grupos militantes palestinos nas imediações do Cairo, o presidente Abbas ressaltou que o acordo com Israel já produziu benefícios, mas fez questão de destacar que o Estado Judeu deve cumprir o que lhe foi cabido no pacto feito no encontro do dia 8 de fevereiro, também no Egito.
- Num momento em que estamos no caminho de alcançar a calma e a trégua, advertimos os israelenses sobre o risco de se perder tempo na implementação de seus compromissos.
Nabil Abu Rdainah, uma autoridade palestina de alto escalão fez coro:
- Queremos deixar essa reunião com um acordo de manutenção da trégua e vendo Israel colocar em prática os acordos feitos no encontro de Sharm el-Sheikh.
Segundo Mohammad Nazzal, um alto líder do Hamas, a transição do atual período de calmaria para uma trégua de fato depende do comprometimento de Israel com o fim dos ataques e a libertação dos prisioneiros.
Ao ser questionado sobre as possibilidades de ampliar o período de ''calma'', ele respondeu que isto dependeria do interesse público.
Já Abu Imad al-Rifai, membro da delegação da Jihad Islâmica, citou como exigências também a interrupção das obras de construção do muro de separação e a construção de assentamentos ilegais.
Uma pesquisa de opinião mostrou que o Hamas está ganhando apelo entre o movimento Fatah, de Abbas, o que torna ainda mais difícil ignorar os militantes.
- Mas não temos qualquer garantia de que essas exigências serão atendidas - comentou Jibril Rajoub, assessor de segurança de Abbas.
Na segunda-feira, Sharon jogou água fria na proposta de cessar-fogo ao dizer que seu governo não poderia aceitar o tipo de trégua que os palestinos estão propondo.
- A trégua que eles estão estudando não exclui o terror e, portanto, não soluciona os problemas. Não poderemos aceitar - disse.
Ainda assim, Israel anunciou que começará a retirada de Jericó e de outras cidades da Cisjordânia, como parte do cessar-fogo acordado em 8 de fevereiro.