Título: Apetite de Leão
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 16/03/2005, Economia & Negócios, p. A17

Pagamento de tributos diretos leva 4,62% da renda do brasileiro e supera gastos com educação, vestuário e lazer

O brasileiro gasta mais com o pagamento de impostos do que com educação e vestuário e é a quinta principal fonte de despesas no país. É o que aponta levantamento feito pela Federação do Comércio de São Paulo em parceria com a Tendências Consultoria. Somente os tributos desembolsados diretamente pelos contribuintes, como IPVA, IPTU e Imposto de Renda, levam 4,62% do orçamento do brasileiro a cada mês, o que soma R$ 359,34. Para se ter uma idéia, são destinados 3,43% da renda à educação e 4,58% para vestuário. Pela pesquisa, os tributos só perdem para habitação (29,11%), alimentação (16,65%), transporte (15,36%) e saúde (5,35%).

O gasto tributário representa, ainda, mais do que o dobro do destinado à recreação (1,96%) e higiene (1,75%). A pesquisa da Fecomércio cruza dados do IBGE sobre população, demografia, orçamentos familiares, contas nacionais. Pelo estudo, os brasileiros despenderiam por mês cerca de R$ 2,9 bilhões somente com impostos diretos. Não foram calculados os impostos pagos indiretamente - pela compra de um produto ou serviço. Estima-se que no preço das mercadorias, 30%, em média, equivalem aos valor pago em impostos sobre o produto.

Já os moradores do Estado do Rio enfrentam um apetite tributário maior do que os paulistas. A carga suportada pelo cidadão fluminense é de 6,42%, contra 4,64% desembolsados pelos paulistas, embora tenham uma renda menor. Segundo o IBGE, o salário médio em São Paulo é de R$ 942, ante R$ 842 no Rio.

- Isso pode ser explicado pelo fato de que, em São Paulo, o nível de informalidade é maior. Os paulistas pagam proporcionalmente menos imposto de renda - avalia Gilberto Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

Os trabalhadores de Tocantins seriam os brasileiros mais castigados por impostos (9,07% do consumo total). Os maranhenses seriam os que menos gastam (1,68%). A pesquisa revelou também o percentual de consumo dos estados. São Paulo representa 32,6% do consumo global, seguido de Rio (11,5%) e Minas Gerais (9,72%).