Título: Roriz reforma secretariado e Frente anuncia sua dissolução
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 16/03/2005, Brasília, p. D1

Após duas horas reunidos com o governador, distritais comunicam a ex-companheiros o fim do bloco

O desfecho do compromisso de reaproximação do governador Joaquim Roriz com os deputados que compõem a base governista na Câmara Legislativa foi anunciado ontem, no fim da tarde. Depois de um encontro de duas horas com Roriz em sua residência, no Park Way, os seis distritais reuniram-se com os outros parlamentares da Frente Democrática e anunciaram o fim do bloco constituído por PT, PFL, Prona, PP, PPS e PDT. Roriz divulgou ainda que fará uma reforma no secretariado nos próximos dias para ''adequar o GDF à realidade do novo quadro político'', de acordo com o porta-voz Paulo Fona. As duas pastas mais espinhosas - mas também cobiçadas - do governo, Saúde e Educação, devem ganhar novo comando. Além disso, o governador analisa a possibilidade de transformar os comitês gestores criados por ele para dividir o poder de decisão com os secretários de Saúde e Educação em órgão apenas deliberativo. Indicações de nomes para a Saúde são pleitos dos deputados pefelistas Eliana Pedrosa e Fábio Barcellos apresentados ao governador.

- Há secretário usando o espaço quem tem para fazer política. E alguns nem recebem deputado - diz o deputado Leonardo Prudente (PFL), líder por um dia da Frente. Escolhido pelos colegas como representante do bloco na noite de segunda-feira, Prudente afirmou que sua missão era ''conduzir a transição''.

Segundo os distritais até então considerados dissidentes, a promessa de que Roriz ''convenceria'' o PMDB a retirar do Tribunal de Justiça uma ação questionando a formação da Frente Democrática, na época da composição das comissões na Casa, foi fundamental. Para Eliana Pedrosa, o fim das disputas judiciais vai ajudar na volta de diálogo na base.

As divergências ideológicas entre os partidos e a expectativa de recomposição da base governista fizeram com o fim da Frente acontecesse em concordância com o PT. Na bancada, porém, há quem acredite que a reaproximação dos deputados com o Buriti possa trazer um esvaziamento das duas CPIs criadas pela Casa - da Saúde e da Educação. A deputada Arlete Sampaio (PT), porém, lembra que cabe à oposição fiscalizar e, se for o caso, ''colocar a boca no trombone''. A CPI da Saúde deve ser composta amanhã. A CPI da Educação sequer foi publicada no Diário da Câmara.

A morte do grupo, formado em dezembro do ano passado a fim de vencer as eleições para a Mesa Diretora da Casa, vinha sendo esperada desde a semana passada. Durante apreciação em plenário de uma emenda à CPI da Educação, sugerida pelo PMDB, que incluiria o período do governo petista no DF (1995-98) nas investigações sobre transporte escolar, os governistas dissidentes acabaram se desentendendo nas votações. Fábio Barcellos e Júnior Brunelli (PP) votaram a favor da emenda. Apesar de ter assinado o requerimento para protocolar a emenda, Eliana Pedrosa (PFL) votou contra a ampliação de investigação da CPI.

A votação da emenda foi precedida por uma visita do senador Paulo Octávio, presidente do PFL-DF, à Câmara Legislativa e articulador do encontro de ontem entre governistas e Roriz. Criticado pela aliança que conduziu entre parlamentares ligados a ele e o PT, Paulo Octávio ressaltou ontem que a Frente já havia cumprido o seu papel. No início da noite, Roriz reuniu-se com a bancada do PMDB para tratar da recomposição da base.