Título: Cidade Digital demora, mas vai sair
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 16/03/2005, Brasília, p. D4

A garantia é do secretário de Desenvolvimento Tecnológico Izalci Lucas que descarta também a perda do BB

Ao que tudo indica, Brasília deve continuar com a Cidade Digital. A demora em tomar medidas concretas para a implantação do pólo tecnológico envolve diversas questões sociais e ambientais, além do interesse de grandes empresas privadas. O Banco do Brasil, responsável por aproximadamente 60% dos investimentos, já ameaçou construir seu centro de armazenamento de dados em outra cidade. Enquanto o processo fica parado, cresce a insegurança e o risco de perder o aporte financeiro. Para ter início, o plano que cria a Cidade Digital esbarra em vários entraves. O primeiro é a lenta tramitação no Congresso Nacional do projeto de lei que trata da expansão do Parque Nacional de Brasília. O impasse entre o GDF e o Ibama está em uma questão estrutural: o projeto de lei foi baseado no levantamento da poligonal do Parque realizado em 2002, estudo que não incluiu a área da Cidade Digital. A polêmica vem se arrastando desde então, o que dificulta a liberação das licenças ambientais e o início das obras.

Outro ponto que atrapalha o andamento do processo é a falta de uma audiência pública para debater a questão. A audiência, que deveria ter sido realizada antes da votação do projeto de lei, é imprescindível para que as negociações avancem. Em entrevista ao Jornal do Brasil, o relator do projeto de lei, deputado Jorge Pinheiro, afirmou que Brasília poderia perder a Cidade Digital caso a audiência pública não fosse realizada ainda esse mês.

Tudo porque o Banco do Brasil precisa de alguma demonstração de que o processo não esteja completamente parado. De acordo com o Jorge Pinheiro, o banco teria março como prazo limite para receber algum posicionamento de que a área da Cidade Digital é viável. Caso contrário, buscaria uma cidade fora do DF e acabaria comprometendo financeiramente a construção da Cidade Digital.

Para o secretário do Desenvolvimento Tecnológico, deputado Izalci Lucas, a hipótese de que Brasília perca a Cidade Digital está descartada. Izalci acredita que o Banco do Brasil já está ciente do esforço coletivo para resolver logo a questão.

- Tudo deve acontecer em Brasília. Isso já está pacificado. O Banco do Brasil foi consultado se poderia ou não aguardar essa audiência pública, tendo em vista os seus prazos. O que eles disseram é que não teriam dificuldade em aguardar o mês de março, desde que houvesse o compromisso de aprovar o projeto - afirmou Izalci Lucas.

O secretário destacou que a projeto de lei em tramitação no Congresso não diz respeito à Cidade Digital. Izalci baseia-se na divergência crucial entre GDF e Ibama sobre a poligonal do Parque Nacional de Brasília. Segundo ele, a audiência pública é importante por ser imprescindível à aprovação do projeto, mas o início da construção da Cidade Digital não depende dela:

- Na prática, esse projeto não tem nada a ver com a Cidade Digital. A audiência pública é uma questão técnica que precisa ser obedecida, mas também não engloba a criação do pólo tecnológico. Na verdade, estamos esperando o levantamento de impacto ambiental encomendado, que deve ficar pronto em abril ou maio. A partir disso, podemos dar início ao projeto - disse o secretário Izalci Lucas.

Procurado pelo Jornal do Brasil, o Banco do Brasil não se pronunciou até o fechamento dessa edição. Segundo informou a assessoria de imprensa do órgão, amanhã o assunto deve ser discutido em reunião. Para o porta-voz do GDF, Paulo Fona, não há motivos para temer a perda dos investimentos:

- Estamos apostando que o Ibama atue no sentido de liberar uma área e garantir os investimentos que a iniciativa privada pretende fazer na Cidade Digital. Temos conversado regularmente com a direção do Banco do Brasil e outras empresas, além dos secretários de estado e a Terracap. Nossa intenção é encontrar uma solução que garanta que Brasília fique com o centro de processamento de dados da instituição bancária - destacou o porta-voz do GDF.