O Globo, n. 32055, 12/05/2021. Sociedade, p.9

 

 

Ministério da Saúde suspende vacna da Astrazeneca para gestantes

 

O Ministério da Saúde suspendeu nesta terça-feira (11) a vacinação de grávidas com a AstraZeneca, uma precaução para evitar eventos muito raros. A Anvisa reiterou que a vacina é segura para os outros grupos.

Na nota, divulgada na segunda-feira à noite, a Anvisa recomendou a suspensão imediata do uso da vacina da AstraZeneca/Fiocruz em mulheres gestantes.

Em 15 de março, o Ministério da Saúde tinha incluído no grupo de prioritárias as gestantes com comorbidades. No fim de abril, as demais gestantes e as mulheres que acabaram de dar à luz.

A Anvisa tomou a decisão por precaução, depois de ser informada sobre a internação de uma grávida de 35 anos, no dia 5 de maio, e que morreu nesta segunda (10). Segundo a Anvisa, o tipo de trombose que a mulher sofreu é extremamente raro.

Em nota técnica, a Anvisa destacou que não há comprovação que a morte tenha sido provocada pela vacina.

A agência ressaltou, que até o momento, os benefícios da vacina superam os riscos e que mantém a recomendação pela continuidade do uso da imunizante da AstraZeneca nas demais pessoas, seguindo as condições previstas em bula.

Em nota, a AstraZeneca esclareceu que as mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos. Esta é uma precaução usual em ensaios clínicos. Os estudos em animais não indicam efeitos prejudiciais diretos ou indiretos no que diz respeito à gravidez ou ao desenvolvimento fetal.

No início da noite desta terça-feira (11), a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Franciele Francinato, respondeu à orientação da Anvisa: “em atendimento a essa orientação da Anvisa, o PNI decide interromper temporariamente a vacinação tanto de gestantes, como puérperas, com a vacina da AstraZeneca. Destaco aqui que é porque aconteceu esse evento raro.”

O diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Renato Kfouri, reforça a importância da imunização: “a Covid-19 faz 2 mil vítimas por dia, pelo menos. O número de casos prevenidos por uma vacinação ostensiva é muito maior, o número de hospitalizações e mortes do que os seus eventuais eventos adversos. Então, não devemos deixar de nos vacinar quando temos notícia de alguma reação, de algum efeito mais grave, porque isso é excessão. Grande benefício que muitas vezes é pouco valorizado é o número de vidas salvas pela vacinação, que não se compara ao eventual prejuízo, ao eventual dano que essas vacinas podem trazer”.

 Ministério da Saúde recomenda que as gestante sejam vacinadas com as duas outras vacinas oferecidas no Brasil, a CoronaVac e a da Pfizer.

O Ministério da Saúde informou que ainda não tem um estudo sobre a substituição de uma vacina por outra. Por isso, ainda não tem uma orientação para as grávidas que já tomaram a primeira dose da AstraZeneca. Essa orientação deverá ser apresentada em mais alguns dias.  

Segundo a Pfizer e o Butantan, que produz a CoronaVac, as duas outras vacinas oferecidas no Brasil podem ser aplicadas em gestantes, desde que com orientação médica.